“Amor e Paixão” em tempos de guerra nos recitais de 2025 da pianista Teresa da Palma Pereira

“Cantos de Amor e de Paixão” é o título do ciclo de concertos de 2025 da pianista Teresa da Palma Pereira que se inicia em Almeirim, a 22 de março, e continuará pela Ericeira, Cascais, Figueira da Foz e Festival Internacional de Piano de Oeiras. Com um programa que privilegia temas românticos de libertação individual contra a opressão – como o poema sinfónico Mazeppa, de Liszt – a pianista contrapõe o amor e a paixão “ao ódio e à intolerância que prevalecem no tempo de guerra e de destruição do indivíduo que o mundo está a passar”.

É este o fio condutor dos recitais de 2025 da pianista de Lisboa que é diretora artística da Academia de Música Flor da Murta, em Paço de Arcos. O programa inclui obras de Lully, Mozart, Chopin, Liszt, Turina, Falla, Glinka, Rachmaninov e Khachaturian (ver Programa do recital em Almeirim).

“Quando a tensão no interior das sociedades e entre os povos aumenta tragicamente, é importante ressaltar a universalidade dos valores humanos espelhada na música”, afirma Teresa da Palma Pereira. “A expressão artística desta cultura partilhada, com a dimensão poética e sentimental que o período romântico sublinha, são um bom ponto de partida para a cultura de diálogo entre os diferentes povos”.

No programa dos recitais, Teresa Palma Pereira parte de um compositor barroco, Jean-Baptiste Lully, com uma dança inaugural – Gavotte em Rondeau – seguida do Rondo em ré maior de Mozart, pequena obra-prima dançante em que o compositor expõe a leveza, o jovial virtuosismo e as súbitas mudanças emocionais tão características do seu estilo. O recital prossegue com várias peças de Chopin, nas quais se espelha a mesma leveza e graciosidade ao serviço da fantasia e do lirismo. A primeira parte termina com Franz Liszt, três peças em que a paixão romântica encontra narrativas de amor ao piano. Em “Mazeppa”, o espírito apaixonado expressa-se pela intensidade e força utilizadas para ilustrar esta história de paixão, luta e sobrevivência do herói polaco do poema de Victor Hugo.

Na segunda parte do concerto a paixão ganha contornos diferentes com a tradição flamenca espanhola e com os ritmos das danças ciganas que Joaquín Turina e Manuel de Falla trouxeram para o piano. Viaja-se depois para a romantismo melancólico e decadente da Mazurca de Mikhail Glinka, compositor russo percussor da criação de uma identidade nacional na música erudita do grande império asiático. Esta mesma identidade está presente na escrita pianística de Rachmaninov. O recital encerra com a poderosa e contagiante Toccata do arménio Aram Khachaturian, regressando ao tema do amor e da paixão na celebração do que é mais profundamente humano.

O primeiro concerto deste ciclo terá lugar no próximo dia 22 de março, sábado, às 21h30, no Cine Teatro de Almeirim. Segue-se o concerto na Ericeira (Mafra) no dia 27 de abril, domingo, às 17:00, na Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva. A 3 de maio, sábado, às 17:00, Teresa da Palma Pereira tocará no Centro Cultural de Cascais. Voltará a atuar na Figueira da Foz a 18 de maio, domingo, às 17:00, no Auditório Madalena Biscaia Perdigão.

O último recital deste ciclo será o concerto de abertura do VIII Festival Internacional de Piano de Oeiras, que irá decorrer de 29 de junho a 27 de julho. A pianista portuguesa atuará no dia 29 de junho, domingo, às 18:00.

Uma das últimas alunas da professora e pianista Tânia Achot, Teresa da Palma Pereira é uma pianista galardoada em Portugal e no estrangeiro, com o primeiro lugar no Concurso Internacional Maria Campina, a segunda posição e menção especial do júri no Concurso Internacional Princesa Lalla Meryem e o primeiro prémio do Koninklijk Conservatorium, em Bruxelas, que lhe permitiu atuar como solista com a Orquestra da Câmara de Bruxelas.

Já atuou em países como França, Itália, Bélgica, Holanda, Hungria, Suécia, Brasil e China. Conta com cinco CD’s editados. Atualmente é diretora artística da Academia de Música Flor da Murta, em Paço de Arcos, Desde 2018 é diretora artística do Festival Internacional de Piano de Oeiras, que este ano passou a integrar a European Festivals Association.