Alerta: “Se a população não tiver boas práticas, os custos para o consumidor aumentarão ainda mais”

A capacidade máxima do aterro na Raposa está a ser atingido e vai ser transformado numa zona verde. Dionísio Mendes, responsável da Ecolezíria, explica o que vai surgir e fala com preocupação no futuro, principalmente porque as más práticas vão ser penalizadoras. 

No verão, o aterro da Raposa entrou na fase final do ciclo de vida e, no próximo ano, vai fechar em definitivo. O lixo agora aí depositado será um monte verde.

“A deposição de resíduos continua a acontecer, da forma mais correta possível e de acordo com os parâmetros estabelecidos. Em 2025, tal como já temos vindo a mencionar, dar-se-á o encerramento e, a selagem será efetuada após o desenvolvimento do procedimento de contratação pública para a execução”, explica Dionísio Mendes.

Ao Jornal O ALMEIRINENSE, o Administrador Executivo explica que “o monte verde será a imagem final deste processo. Assim que um aterro atinge a sua capacidade máxima, é encerrado e selado. Sendo a selagem a impermeabilização do local através de telas de geomembrana, onde se sobreporá uma hidrosementeira, que consiste na projeção de uma mistura aquosa de sementes e matéria composta que irá aderir à cobertura de terra vegetal e lhe dará o aspeto final de monte verde”.

Aterro da Raposa transformado numa “montanha” verde

Dionísio Mendes sublinha ainda que “o biogás irá continuar a ser explorado enquanto apresentar as condições necessárias para tal, ou seja, a produção de energia. Após deixar de apresentar, terá de se proceder à destruição térmica do mesmo para que não sejam emitidos gases prejudiciais.”

Ainda assim, com o fecho do aterro, “a instalação da Raposa funcionará como Estação de Transferência dos resíduos recolhidos no Concelho de Almeirim.”

 A Ecoleziria tem feito dezenas de campanhas para educar crianças, jovens e adultos e “cada vez estamos a observar mais a colocação de monos ao redor dos contentores de lixo indiferenciado e não só. Não sabemos se por falta de conhecimento acerca do que se deverá fazer, se apenas porque querem proceder dessa forma. Mas a realidade é que cada vez se observa mais a falta de preocupação da população”, alerta o antigo presidente da câmara de Coruche.

“Quando são realizadas as Ações de Sensibilização, conseguimos perceber que, consoante a faixa etária, as noções acerca da Separação de Resíduos são mais ou menos conhecidas, bem como, tidas em conta. Das mais baixas para as mais altas este tema vai-se perdendo e a importância que lhe é dada também. Muitos também nos dão a perceber que os pais não querem seguir esta prática, e, não sendo dada continuidade ao que é incutido na escola, torna-se ainda mais complicado conseguir que os mais novos venham a introduzir a separação de resíduos na sua rotina e não acabem por descartá-la. Os mais velhos sentem vergonha por estarem a realizar algo que deveria ser intrínseco a todos e tornado comum e banal, como a colocação de resíduos no contentor de resíduos indiferenciados. Durante a divulgação da Recolha Porta-a-porta, por incrível que pareça, constatámos que a população idosa realiza mais a separação de resíduos do que a mais jovem. O que é curioso e, ao mesmo tempo, preocupante. Ouvindo muita vez que consideram estar a fazer o nosso trabalho e que, o que pagam de taxa, é demasiado para ainda terem que estar a separar. Mais uma vez o desconhecimento é elevado. Se a população não tiver boas práticas, os custos para o consumidor aumentarão ainda mais”, alerta.

Sobre o facto da legislação da União Europeia ter multas se não se cumprirem as metas de recolha e reciclagem, Dionísio Mendes diz que “apesar de considerarmos as metas demasiado ambiciosas e irrealistas, o nosso foco está e estará sempre no cumprimento das mesmas e no melhor desempenho ambiental possível. Se a Ecolezíria e a população trabalharem em equipa, tudo se tornará cada vez mais eficiente e eficaz.”

Neste passado recente, tem existido um foco grande na Recolha Porta-a-porta. “Teve em vista a sensibilização e o aumento da Recolha Seletiva, facilitando a separação em casa através da entrega de equipamentos e de um tipo de recolha que evita a deslocação até aos ecopontos da via pública que, se torna incómoda para quem não os tem na proximidade. Está a correr muito bem. Com o avançar da recolha vamos recebendo mais inscrições de forma gradual, o que nos leva a crer que, quem observa, considera um bom serviço e útil para a sua realidade. Estamos a melhorar cada vez mais o nosso desempenho, não só pela prática adquirida, mas também pelos feedbacks que nos vão sendo transmitidos pelos aderentes, que são sempre bem recebidos, justamente porque nos levam à melhoria contínua. O alargamento além de estar previsto, irá acontecer em todos os Municípios que assim o justifiquem, de acordo com uma análise correta das zonas piloto.”

Já a compostagem doméstica, o projeto continua em vigor: “Continuamos a receber inscrições e existem pessoas a pedir um segundo compostor. O que reflete a afirmação e consolidação do processo. Foram realizadas reuniões com as Juntas de Freguesia que integram os concelhos da Ecolezíria, no sentido de haver um reforço da Campanha. Deixamos material de divulgação, fichas de inscrição para quem não tem possibilidade de se inscrever através dos meios mais comuns e um Compostor, para que as pessoas que visitam a sua Junta, possam observar e perceber melhor o funcionamento do mesmo, tenham noção da dimensão e, com isso, mostrem interesse, que no fundo é o nosso objetivo. Entregar equipamentos que, neste caso irão auxiliar no quotidiano e na gestão dos resíduos de quem faz parte da nossa comunidade.”

O responsável da Ecolezíria e também ex autarca, mostra-se ainda desiludido por continuar “a observar muitos resíduos colocados a granel, o que propicia muito mais a contaminação dos equipamentos. Para não falar das inúmeras vezes que os nossos funcionários nos fazem chegar informações relativas à existência de resíduos que não devem ser depositados, de todo, nos contentores. Animais mortos, dejetos de animais, resíduos de construção e demolição, terra, resíduos de jardins e parques, etc. É importante que estes aspetos sejam tidos em conta para que a integridade dos equipamentos se mantenha o maior espaço de tempo possível. Ao estarmos a colocar resíduos sem estarem devidamente ensacados, pelo menos, estamos a fazer com que a lavagem dos contentores se torne inglória.”