Marcos Bastinhas – a escrever a história da dinastia Bastinhas

Marcos Tenório – Bastinhas para o grande público nasceu em Portalegre a 1 de junho de 1986, filho de Joaquim Manuel Carvalho Tenório e de Dª Maria Helena Gonçalves Nabeiro Tenório. Começou a montar a cavalo aos cinco anos de idade, sendo a sua intenção, desde muito cedo, seguir as pisadas de seu pai no mundo da Tauromaquia. Herdou de seu avô, Sebastião Tenório, a paixão pelos cavalos tendo tirado em Mafra o curso de Monitor de Equitação. Atuou pela primeira vez em público a 3 de junho na praça de Toiros da Terrugem, num espetáculo que marcou o início da atividade do Grupo de Forcados Académicos de Elvas, do qual seu irmão, Ivan Nabeiro, chegou a ser cabo. Prestou provas para praticante em Loures a 26 de julho de 2005, ao lado de seu pai, Joaquim Bastinhas, Rui Salvador, Luís Rouxinol, João Cerejo, Sónia Matias e Gilberto Filipe. Tomou a Alternativa no Campo Pequeno, a 10 de julho 2008, tendo como Padrinho o seu pai e como testemunhas Paulo Caetano e João Moura Caetano. Lidou dois toiros de Maria Guiomar Cortes de Moura, em ambiente de triunfo com a praça esgotada. Continuou de forma triunfal a temporada de 2008, em especial na sua prestação na Praça de Toiros de Salvaterra de Magos, no ano do 25º aniversário de Alternativa de seu pai. Na corrida de encerramento da temporada, no Campo Pequeno repetiu memorável triunfo. Na temporada de 2010 atuou na Venezuela, na Praça de Toiros de Mérida, tendo cortado uma orelha, que lhe valeu o trofeu de “Melhor Rejoneador” da Feira Del Sol. Conquistou imensos troféus ao longo da sua carreira, tendo continuando a escrever com letras de ouro, a história da Dinastia “Bastinhas”. 

O regresso à Arena d’Almeirim, depois do seu triunfo do ano passado, com a despedida do Cavaleiro Rui Salvador, o que representa para si?

É um motivo de satisfação anos após ano cada vez que voltamos a alguma praça, e quando é uma praça com a importância de Almeirim ainda mais satisfeitos ficamos. A despedida desse grande Toureiro, Rui Salvador um colega e um grande amigo que de casa é mais um motivo de orgulho e mais um motivo para marcar esse dia de forma muito positiva, e tanto eu e como nós todos os colegas que vamos estar nesse dia certamente que lhe queremos dar a melhor despedida dessa Praça e concordemos fazer isso é triunfando e que seja uma noite especial e que vamos todos para a guerra para que ele se possa lembrar dessa noite de Almeirim como uma noite sonhada e que saia de lá realizado e com boas memórias. 

É um Toureiro que nunca recusou tourear toiros de qualquer Ganadaria. O que acha dos toiros da Ganadaria Manuel Veiga?

Tal como você disse nunca me recusei, acho que qualquer toiro tem a sua lide, seja bom ou seja mau, não podemos é querer fazer as mesmas coisas a um toiro mau que fazemos a um toiro bom, e nessa perspetiva é sempre tentar avaliar o mais rápido possível as características dos toiros para tentar dar a lide adequada. A Ganadaria Veiga para mim é uma ganadaria boa, é uma ganadaria conceituada que permite aos toureiros terem triunfos importantes assim eles estejam dispostos a entregar-se nesse dia ao toiro e à ganadaria porque é exigente, mas lá está quando as coisas são exigentes também permitem depois coisas maiores, um triunfo maior e vou à espera de toiros exigentes, mas que me possam deixar sair satisfeito nesse dia na Arena

Todos os Toureiros interiorizaram os seus ídolos. Quais são os seus e fale-nos deles.

O meu ídolo sempre foi o meu pai, foi com ele que aprendi tudo, foi com ele que passei grande parte da minha vida até mais do que com o resto da família, passávamos aqui quase 24 horas juntos, aqui mesmo ao lado, e não poderia deixar de ser ele o meu grande ídolo, cada vez que entro e saio de uma Praça também levo e deixo um bocadinho dele e são para ele também todos os meus triunfos e atuações pois tudo o que sou devo-lhe a ele e agradeço todos os dias todos os ensinamentos e tudo o que ele me ensinou não so como Toureiro mas também como pessoa.

É considerado por muitos aficionados como Toureiro que faz parar corações. Quais foram os momentos marcantes da sua carreira? 

 Não conseguiria estar agora a mencionar pois foram muitos e têm sido inúmeras corridas ao longo das temporadas. Mas o meu conceito é um conceito de desfrutar eu e desfrutando eu certamente o que o público também o irá fazer, e estando em Praça não pensar muito no que irá acontecer ou vou fazer, mas sim sentir o que estou a fazer e cada vez procuro mais esse sentimento pessoal e essa entrega ao momento ao instante do que ao pensamento. Quando nos pensamos muito as coisas ficam um bocado robotizadas, não ficam com tanta emoção na Arena e por isso, cada ano que passa vou procurando mais esse modo de tourear esse modo de sentir o momento de sentir o instante, pois não é fácil, mas quando conseguimos estar e sentir mesmo o que fazemos diante de um toiro aí é quando passa as emoções para bancada e é quando o publico explode e é quando aparece o triunfo. 

Com apenas 16 anos de Alternativa, acha que o toureio a Cavalo sofreu várias modificações?

Penso que sim, penso que ao longo destes anos temos vindo a ver várias diferenças tanto a nível de cavalo como de toiro, tem tudo tido uma evolução, esta por vezes não quer dizer que seja positiva, mas tem sempre havido uma evolução, o caminho tem sido natural e os cavalos têm um nível que há 20 anos certamente não teriam derivado do conhecimento da equitação, do conhecimento que os Cavaleiros buscam no trabalho, no treino específico diário. As ganadarias também são diferentes, os toiros não têm o mesmo tamanho que tinham há uns anos não têm as mesmas investidas e é tudo uma panóplia de acontecimentos que depois vai desaguar onde nós estamos hoje em dia. Uns acham que foi para melhor outros certamente acham que foi para pior, mas isso depois já são debates que se poderia ter por largas horas. 

Num determinado momento da sua carreira, de entre todos os seus cavalos, qual era a sua Quadra ideal? 

Tive vários e várias vezes já pensei nisso, se pudesse criar uma Quadra com os craques todos como é que seria e sem dúvida que seria fantástica. Graças a Deus ultimamente tenho tido grandes cavalos, grandes companheiros de guerra que me têm ajudado muito, na altura da minha Alternativa tinha o Pinto Barreiros, o celebre cavalo era extraordinário que me acompanhou durante muitos anos e que me deu muitas alegrias e também uma grande tristeza quando o vi partir, a partir dai tive depois o Palmela um cavalo também que o meu pai também já tinha dado esse nome a um dos seus que também tinha sido muito bom, agora ultimamente tenho tido um que é o Danone, que todos conhecem que faz umas portas grau e que toureia de praça a praça, o Davinci também é outro cavalo que também o do conhecimento de todo o público e se tivesse a oportunidade de juntar seis ou sete cavalos certamente que seria uma quadra histórica e que eu dormiria muito mais tranquilo antes das corridas. 

A Corrida das Vindimas na Arena d’Almeirim, está a gerar grande ambiente. O que acha do Cartel da Corrida?    

Só posso dar os parabéns a quem organiza a corrida e a quem montou desta forma porque hoje em dia não é fácil fazer coisas diferentes, tem de se pensar sempre um bocadinho à frente quando se está a montar uma corrida de toiros e este cartel é sem duvida aliciante e não tenho duvidas nenhumas que a casa vai estar cheia ou esgotada, não tenho a menor duvida, as coisas foram bem feitas, bem geridas e têm boa publicidade e juntando a isso tudo os nomes dos Toureiros que estão em causa, os Forcados mais a Ganadaria mais o acontecimento da despedida desse grande Toureiro Rui Salvador as coisas funcionam, porque quando as coisas são bem feitas funcionam sempre e temos aficionados para isso. Os aficionados querem ver coisas boas, querem se deslocar à praça para terem sentimentos como disse há pouco e está montada uma corrida de alto nível.   

A Arena d’Almeirim foi, é e será um ex-libris da família “Bastinhas”. Fale-nos dos momentos de glória vividos na Arena d’Almeirim.

Ultimamente tem sido um misto de sentimentos na Arena d’Almeirim. Há dois anos por exemplo saiu-me um toiro mau, mas eu estava bastante decidido nesse dia no qual só pus dois ferros, mas foram dois ferros com impacto e com uma visibilidade tremenda e sai de lá extremamente satisfeito, para mim foram dos melhores ferros que eu meti nessa temporada, na Arena d’Almeirim. O ano passado foi também um misto de sentimentos porque ia a estriar um cavalo novo no qual tinha umas ilusões tremendas, era um cavalo que aqui em casa me estava a dar sensações muito boas e chegando à praça de Almeirim, recebi a triste noticia que o cavalo tinha falecido ali naquele momento e depois não foi fácil recompor-me e ir para dentro de praça mas consegui suportar isso e alcançar um triunfo importante e sair de lá outra vez com os ânimos renovados nesse dia, foi um dia muito complicado, houve tristeza houve alegria e não foi fácil por isso este ano espero que as coisas resultem bem mas que não haja tantos sentimentos como tem havido ultimamente, que seja um dia um pouco mais calmo mas que ao mesmo tempo as coisas corram bem e tudo indica que sim, os cavalos estão em excelente forma, eu também me sinto bem, sinto-me moralizado e sem duvida que vai ser um dia importante para todos porque o Maestro Rui Salvador também merece. 

A temporada de 2024 está a ser triunfal, com triunfos atrás de triunfos. Fale-nos sobre a presente temporada. 

Graças a Deus tem me corrido bem, foi uma temporada que eu decidi atuar menos ter menos corridas e a Quadra foi um bocado mais reduzida este ano e derivado a isso decidi atuar menos, temos de pensar nos nossos cavalos que eles são os nossos companheiros do dia-a-dia e também são eles que nos acompanham temporada após temporada e temos de jogar um bocadinho com isso, e derivado a isso foi o menor número de corridas mas mesmo assim vou fazer cerca de 25 corridas, não foi assim tão pouco quanto isso mas foram em boas praças, praças importantes com carteis também muito bonitos e em que as coisas correram muito bem. Em Lisboa foi uma ótima corrida, na Nazaré também um triunfo muito importante, Salvaterra, Montijo, em todas as praças houve coisas boas, Portalegre com o Maestro João Moura e com o Maestro Pablo Hermoso, foram corridas muito boas que me fizeram continuar na cena dos anos anteriores e dar também perspetivas que os anos que aí vêm possam continuar da mesma forma. 

Quer deixar aos aficionados alguma mensagem, para irem ver o Marcos Bastinhas, na Corrida das Vindimas, na noite de 20 de setembro, na Arena d’Almeirim? 

A mensagem que posso deixar é, da minha parte eles já sabem que é sempre entrega máxima, mas antes queria deixar a mensagem aos aficionados para que possam ir a Almeirim para que possamos dar uma digna despedida ao Maestro Rui Salvador porque penso que quando se despedem Toureiros desta dimensão, desta categoria não podemos ficar em casa, temos de sair temos de mostrar a nossa homenagem e o nosso agradecimento por todo o que eles fizeram pela Tauromaquia por isso antes de mim está o Maestro Rui Salvador, por isso peço a todos que vão à praça que enchemos a praça e que possamos todos aplaudir esse homem esse grande Toureiro.