Márcio Sampaio, preparador físico que tem trabalhado com Jorge Jesus, atualmente no Al Hilal, aproveitou a data FIFA, para jogos das seleções, para apresentar um vinho, de nome ‘Márcio Sampaio em campo’, numa produção da Quinta Casal Branco.
Márcio, aproveitou a pausa para seleções para regressar a casa, mas este regresso a casa teve a apresentação de um projeto especial?
Em 2020, quando viemos do Brasil para o Benfica, eu já tinha um projeto, inteiramente pessoal. Eu sou um apaixonado por vinho e também sou um investidor na área do vinho raro, e sempre me agradou um pouco esta área. Surgiu a hipótese de fazer um vinho com o meu nome: irá chamar-se Márcio Sampaio em campo. Vou apresentá-lo agora na segunda-feira à comunicação social e espero que seja um novo projeto com tanto sucesso como aquele que tenho tido na minha carreira. Associei-me à Quinta do Casal Branco em Almeirim porque acho que faria sentido, partindo daí o projeto com uma das quintas que produz tão bem o nosso vinho. Poder também entrar neste ramo, como uma coisa paralela àquilo que é a minha profissão, dá-me um enorme gosto e foi muito interessante criá-lo completamente de raiz. E isso foi muito importante para mim, porque também me motivou numa fase em que as coisas em Portugal não estavam tão bem, fruto da pandemia, e isso acabou por me envolver num projeto novo, que eu espero que tenha sucesso em campo.
Sendo um conhecedor também de vinhos, se lhe pedisse para descrever ali com aqueles pormenores do fruto no aroma, como é que descrevia aquele seu vinho?
Eu não sou a melhor pessoa para o dizer, eu tenho um gosto muito particular, gosto de um vinho encorpado, de um vinho que seja muito virado para a degustação, um vinho em que eu possa saborear. Não gosto tanto daquele vinho em que eu consiga beber duas ou três garrafas, gosto daquele vinho em que eu consiga sentir toda a harmonização da capacidade do vinho. E foi um bocado nesse sentido que nós criamos um vinho com algumas castas que acabam por traduzir aqui 15% de grau no vinho, mas que é um vinho extremamente interessante beber, aliás é uma reserva e torna-se muito interessante beber porque o gosto é sempre subjetivo. Eu tenho o meu gosto mas eu acredito que a forma como a Quinta do Casal Branco nos proporcionou a possibilidade de o produzir, através da enóloga Joana Lopes, fez um vinho muito bom, que eu aconselho a toda a gente quando ele sair para o mercado depois de dia 18 e que o possam provar porque, realmente, é um vinho que trará de certeza absoluta, em cada trago uma vitória.
Que sabor é que tem mais esta conquista e este resultado extraordinário?
Bom, é um bocado confuso dizer o que eu vou dizer, mas por um lado, eu contenho um bocadinho a minha euforia. Estamos contentes como é óbvio, mas eu contenho um pouco, e acho que a minha equipa técnica toda também, porque apesar de ser um registo e uma marca importante, no fundo, isto acaba por ser apenas e só um dado, porque se nós, no final, conseguirmos levantar os troféus que pretendemos, acaba por parecer que não tem um grande significado, portanto é importante podermos escrever o nosso nome num marco tão prestigiado como é o Guinness World Records. Um dia, poderei dizer aos meus filhos e aos meus netos que estou no recorde do guinness, mas no fundo o que nós queremos é ganhar troféus. Isto, infelizmente, não nos dá nenhum dos troféus pelo qual estamos a lutar mas é sempre bom, obviamente, estar com um registo destes, é uma marca mundial, é uma marca que fica para sempre e poder fazer parte deste feito é sempre um enorme orgulho.
Há muito que tinham este objetivo ou foi algo que foi aparecendo?
Muito sinceramente, nós nunca ligamos a isso porque também nunca foi falado, eu acho que não me recordo da altura que isto começou a ser comentado na imprensa mas creio que foi quando nós chegamos ali à 22º vitória, não me recordo bem mas nem eu próprio sabia desta situação, nunca tinha olhado para essa estatística, e acho que também ninguém da nossa equipa técnica se guiou por isso ou teve esse objetivo. Obviamente que, quando foi falado e quanto mais perto nos aproximávamos, tínhamos o desejo de vencer sempre, não com o intuito de poder vir a pertencer a um recorde do guinness mas nós queríamos era ganhar e, portanto, quanto maior o tempo de invencibilidade para nós é melhor, no fundo andamos no futebol um pouco por isso, pelas vitórias. Então vitória a vitória ficamos mais perto dos objetivos que pretendemos, portanto estas vitórias traduzem-se sempre em alguma coisa. Vitórias no Campeonato traduzem-se em encurtar a distância que temos para alcançar o título, na Liga dos Campeões a vitória significa ir passando de fase. Nesta competição, que também temos o objetivo de a vencer e na Taça do Rei igual, portanto, nós queremos é vitórias, que nos permite sempre estar mais perto de conquistar os títulos.
Houve muito festejo?
Houve festejos normais de uma vitória, óbvio que nós jogámos contra uma equipa que, por si só, o ano passado foi campeã da Liga Saudita, com um treinador português, e portanto nós sabemos ver a importância que era passar esta fase, porque estamos nas meias finais e ficou a faltar dois jogos para estarmos na final, que é o que pretendemos. Portanto, festejos normais que uma equipa quando ganha deve festejar, mas não deve entrar em euforia, porque as vitórias por si só não nos dão aquilo que nós queremos. Quando nós estamos em grande clubes, o que queremos são os títulos e as vitórias tornam-nos cada vez mais perto de os conquistar ou seja, euforia normal, nada de outro mundo.
Adversário que vão reencontrar, não é?
Sim, vamos reencontrar, soubemos há pouco que vamos enfrentá-los outra vez, mas para a Taça do Rei, portanto já vai ser a quinta vez que nos vamos defrontar esta temporada, e acaba por ser um bocado curioso, dois jogos na Liga dos Campeões, dois no Campeonato e este para a Taça do Rei. Felizmente, ainda não perdemos, mas com eles, no entanto, temos de ter muito respeito porque eles têm uma grande equipa.
Como é que está a ser esta experiência depois de um conjunto tão grande de experiências na Europa e no Mundo? E na Arábia como está a correr?
Na Arábia é o meu regresso. Tinha estado num clube em 2018, e, infelizmente, não nos deixaram terminar aquilo que tínhamos proposto. Nós acabámos por sair do Al-Hilal em 2018 com seis pontos de avanço sobre o primeiro lugar nas meias-finais e em quase todas as competições, portanto, seria natural nós queremos lutar pelo título mas não o conseguimos dessa vez, não por decisão nossa. Mas com o regresso, obviamente, as coisas mudaram um pouco na Arábia Saudita para melhor, há mais competitividade, há grandes jogadores com mais capacidade técnica e de renome mundial e o próprio país está a mudar, para melhor, e isso faz com que o regresso que nos propusemos seja um regresso para concretizar aquilo que não nos deixaram conseguir numa primeira vez, e o objetivo é que possamos conquistar títulos, senão o trabalho acaba por ficar incompleto também. Para já, nós estamos a gostar, o campeonato está a ser interessante, não só por estarmos à frente mas também daquilo que nós estamos a observar na conquista do país em tudo o que se está a propor. Está tudo muito diferente daquilo que encontramos em 2018.
Este pode ser o ano em que ainda podem conquistar todos os troféus?
Sim, é um ano à imagem daquilo que fizemos no Flamengo, mas ainda falta muitos jogos e estamos a jogar de 3 em 3 dias, acaba por ser uma grande diferença, uma vez que a competitividade é cada vez maior, o tempo de treino é menor, e portanto, gerir esta situação acaba por ser complicada para todas as equipas e, principalmente, agora nesta fase que estamos no Ramadão. Por isso, acabamos por ter mais cuidados e tentar gerir as coisas da melhor maneira, mas vamos ver como é que as coisas se vão desenrolar daqui para a frente. É sempre pensar jogo a jogo, isto parece um cliché, mas é um bocado assim, é jogo a jogo.