Escrevo este artigo na qualidade de ex-aluna do Agrupamento de Escolas de Almeirim que foi distinguida com a presença no quadro de excelência. A vontade de escrever este artigo surgiu por sentir que é necessária uma perspetiva sobre os quadros de excelência diferente da apresentada em edições anteriores deste jornal.
Para começar, acho importante salientar todo o trabalho que é necessário para alcançar resultados escolares de excelência. Ninguém chega ao quadro de excelência apenas por ter mais facilidade de aprendizagem, acesso a centros de explicações, mais recursos económicos, etc. Resultados escolares de excelência resultam da combinação de muita disciplina e muito esforço ao longo de vários anos.
Da mesma forma que um atleta faz vários sacrifícios ao longo da sua vida na esperança de conquistar uma medalha, também muitas vezes um aluno olha para o quadro de excelência como uma meta para encontrar a motivação necessária em momentos em que esta é escassa. Acho que ninguém duvida que nenhum atleta seria tão bom se não tivesse a hipótese de ter o seu sucesso reconhecido com uma medalha. Então porque é que assumimos que os bons alunos teriam de continuar a ter resultados de excelência se esses resultados não fossem reconhecidos? Tal como um atleta, um bom aluno também gosta da área a que se dedica, mas há dias em que isso não chega…
Concordo que os valores da comunidade escolar devem englobar a inclusão, a solidaridade e a entreajuda, mas não concordo com a ideia de que a distinção de um grupo de alunos pelos resultados alcançados colida com estes valores. Para mim, existe um valor fundamental que deve ser encorajado desde cedo por parte da escola que é o reconhecimento do valor do outro.
Gostaria também de referir que, não só concordo com a existência do quadro de excelência, como também concordo com prémios monetários que reconhecem o sucesso académico do aluno, como é o caso do prémio Dr. António Cláudio atribuído pela Câmara Municipal de Almeirim. Ao contrário do que tenho lido em várias posições contra estes prémios, nem sempre os bons alunos são provenientes de famílias com rendimentos elevados. Para ilustrar esta situação, posso dar um exemplo pessoal: durante o meu percurso no ensino secundário sonhava comprar um computador portátil com características adequadas a que o pudesse utilizar no meu curso no ensino superior (Engenharia Informática) e a aquisição do mesmo só me foi possível após juntar o dinheiro recebido em várias edições do prémio Dr. António Cláudio.
Para concluir, quero deixar claro que apoio a ideia de que os cursos profissionais deveriam ter direito à presença nos quadros de excelência, pois a não premiação destes alunos coloca em causa a igualdade entre estes e os alunos do ensino regular. No entanto, a premiação dos alunos com melhores resultados escolares será sempre uma prática louvável que impulsiona os alunos do presente e, por consequência, a sociedade do futuro.
Carolina Coelho