Anabela Russo da Costa começou a trabalhar em estufas de flores aos 12 anos, ainda nas férias da escola. Por conta própria começou a vender melão à beira da estrada, mas depois fixou-se neste ramo. Hoje, a proprietária da Florista Ninês e Tita fala do reboliço que espera para dia 14.
Como é que está a ser preparado o dia dos namorados para este ano?
Assim que acaba a época festiva do Natal, nós temos que começar a pensar no Dia dos Namoramos. Começamos no escritório com encomendas. As rosas têm que vir de países tropicais, nomeadamente do Equador ou Brasil. Depois é que vem a compra de acessórios, o que achamos adequado porque, felizmente, há uma grande opção de escolha em acessórios, coisas muito bonitas e começa-se primeiro pela compra dos acessórios e a seguir ver o que se faz com eles.
Tais como?
Embalagens ,corações, tudo o que é vermelho, tudo o que é papéis vermelhos, tudo o que vem para namorados.
É tão importante quanto a beleza depois da flor?
É o conjunto das duas coisas que dá ainda mais beleza. Eu na verdade, valorizo muito mais a flor, tento não abafar a flor com muitos acessórios. A simplicidade e a flor falam por si, às vezes minimizando acessórios, embora haja muita gente que dê importância, daí eu ter que apostar também nos acessórios porque há também quem os prefira, mas eu, sinceramente, a minha preferência passa muito pela flor.
É uma data que ainda tem muita importância?
Sim, tem muita importância, felizmente, e todos os anos há namorados novos, felizmente também e sente-se sempre. Nunca se notou assim uma baixa de volume de vendas de ano para ano. Foi sempre muito bom, na verdade.
Quem é que compra flores neste dia, são as pessoas mais novas ou as mais velhas?
Vai dos oito aos 80. É muito engraçado ver senhores com 70 ou 80 anos a dizer que é a primeira vez que oferecem flores às suas esposas. Temos aqui de tudo um pouco, é um dia muito engraçado, desde as mães virem comprar flores para os meninos que tenham 5/ 6 anos para oferecer a namorada na primária, desde os adolescentes, a toda uma faixa etária. Depois há aquela meia idade 40/50 que não se importa de comprar dois ou três ramos para duas ou três namoradas, também acontece, nós aqui apanhamos tudo.
Apesar dos mais novos estarem aqui mais virados para o digital, não há aqui um desinteresse maior sobre esta data? Não nota isso?
De todo. Uma flor faz sempre a diferença, aliás, nós durante o ano, temos dias aqui na loja em que, quando eu estou a dar por isso, tenho a loja cheia de homens, nem precisa de ser dia dos namorados. Na verdade, quando eu dou por mim, tenho aqui muitos homens. Há sempre uma rosa, há sempre um arranjo, há sempre qualquer coisa para levar, um miminho para casa. É bonito de se ver, continua a ser bonito de se ver.
Mulheres, não há?
Também, não tantas, mas as mulheres, quando nós vendemos aqui é porque vêm fazer favores aos filhos, vêm buscar porque os filhos estão a trabalhar. Para oferecer aos maridos, nem por isso, tipo, se calhar em 500, aparecem 2 ou 3.
Quais são as flores mais procuradas? Deixa-me adivinhar, são as vermelhas?!
Exatamente. É o número um, é muito raro ser outra coisa. Há muitos homens que vêm, não deixam de levar para as filhas, por exemplo, nesse dia não gostam de chegar a casa e não ter uma flor para as filhas, assim vendemos rosas de outras cores. As filhas não ficam sem levar um miminho nesses dias, são as esposas mais as filhas e aí é que entram outras cores e outra variedade das flores , na verdade, mas também se vende para uma mãe que, entretanto ficou viúva. Nesse dia, há um cuidado também especial de certos homens em oferecer a outras mulheres que não namoradas, o que também é importante e bonito de se ver, na verdade.