Miguel Mateus e Francisco Coelho realizaram uma curta-metragem que conta a história da vida de Virgílio, um emblemático sapateiro da freguesia das Fazendas de Almeirim. A curta já foi apresentada com casa cheia no Cine-Teatro de Almeirim e, em outubro, segue-se na freguesia que acolheu o sapateiro. O Jornal O ALMEIRINENSE, da conversa com Miguel Mateus, dá a conhecer mais pormenores deste documentário.
Como surgiu a ideia de fazer a curta sobre Virgílio “Sapateiro”?
Esta ideia surgiu porque, infelizmente, como acontece com muitas pessoas icónicas da nossa terra, não existem (ou existem poucos) registos gravados ou documentados das suas histórias de vida. Um caso do qual eu costumo falar, que me levou a abordar o Sr. Vírgilio, é o do Dr. Paninho que foi médico nas Fazendas de Almeirim durante mais de 50 anos. Era incrível se alguém tivesse gravado um documentário sobre ele, pois teria certamente muitas histórias para contar e ficaríamos com algo para a prosperidade. Eu veria esse documentário de certeza! Assim, achei que estava na altura de criar este “museu digital”! E vi no Sr. Virgílio uma das pessoas que não podia ficar esquecida pela história e notoriedade que tem.
Como foi o processo até chegarmos ao dia 9 de setembro?
O processo foi mais longo do que eu esperava: das captações até à apresentação passaram-se dois anos. Isto aconteceu porque, sendo este um trabalho pessoal eu não podia colocá-lo como prioridade perante os meus outros trabalhos e, por isso, foi ficando para segundo plano, para quando havia tempo livre para trabalhar nele. Além disso, acabei por dedicar muito tempo a garantir que, no fim, teria o melhor resultado possível e que ficava mesmo satisfeito com o resultado final (o que aconteceu!). No início, o objetivo era apenas fazer um pequeno documentário de 10 minutos para colocar online e como portefólio, porém, à medida que comecei a editar o filme, vi que havia ali muito mais potencial, e que era interessante apresentá-lo de uma forma mais simbólica. Falei com o Sr. Virgílio e com alguns familiares dele que concordaram com a apresentação do filme numa sessão ao vivo e, a partir daí, delineei juntamente com o executivo da Câmara Municipal de Almeirim, uma data para a apresentação da curta-metragem no Cine Teatro. Esta sessão ao vivo acabou por se tornar numa merecida homenagem ao Sr. Vírgilio Sapateiro.
Quais as maiores dificuldades e desafios?
A maior dificuldade foi mesmo alocar tempo para concluir este projeto mais cedo, mas as coisas têm o seu momento para acontecer.
Qual a reação do Sr. Vírgilio quando soube que pretendia fazer um trabalho com e sobre ele?
O Sr. Vírgilio mostrou-se prontamente disponível para falar connosco, ele é uma pessoa que adora falar do antigamente e a sua memória está melhor do que a de muitos jovens, está lá tudo. Para além disso é uma pessoa em quem encontramos a simpatia e uma boa disposição incrível que tornam um trabalho destes muito mais dinâmico e divertido. No ínicio, nem ele, nem nós achámos que este trabalho iria ter a projeção que teve, nem que iria culminar numa homenagem com o Cine Teatro cheio de pessoas a aplaudi-lo de pé!
Numa auto-avaliação o que achou do trabalho final?
Na minha opinião, acho que está um bom trabalho e que está à altura daquilo que idealizei. A ideia era ter um documentário que prendesse as pessoas ao ecrã, que as deixasse a pedir mais no final, e acho que esse efeito foi conseguido. Dediquei muitas horas a todos os pormenores, especialmente na narrativa e na fluidez da história para dar ao público um fio condutor entre todas as “etapas” do filme.
E as reações de quem viu no dia 9, quais foram?
As reações foram muito positivas e todo o acontecimento carregou um peso emotivo, especialmente para o Sr. Virgílio e a sua família. Tivemos a sala cheia, as pessoas que assistiram adoraram, e recebemos muito boas críticas sobre o filme e sobre a homenagem. A presença do executivo da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim e da Câmara Municipal de Almeirim nesta homenagem, acabou também por ser gratificante. Soube também de muita gente que quis ir ver mas que não conseguiu, por isso, a convite da Junta Freguesia de Fazendas de Almeirim, iremos ter uma nova sessão do documentário no dia 8 de outubro, às 16h, no Centro Cultural de Fazendas de Almeirim.
Quais os próximos desafios nesta área?
Os próximos desafios na área documental serão o de explorar e contar mais histórias, acho que é um legado importante. Quero continuar a fazer curtas-metragens e talvez, a longo prazo, uma longa-metragem.