Tele-dependência

Seres humanos abstraídos de tudo e de todos, agarrados – em sentido lato – física e psicologicamente, aos seus telemóveis, é a imagem mais marcante e definidora da atual sociedade. O telemóvel tornou-se indispensável para a maioria dos habitantes deste planeta. A nossa vida gira, indissociável, à volta desse pequeno aparelho, como se ele fosse uma extensão de nós.

Os telemóveis/smartphones vieram alterar radicalmente a forma como nos relacionamos com os outros, como obtemos informação e conhecimento rápidos, como percecionamos a realidade.

As vantagens dos telemóveis, cada vez mais inteligentes e com mais capacidade, são inegáveis, imensas e profundas. Mas, como tudo, também têm perigos. O maior perigo é, sem dúvida, a dependência. Um adulto, psicologicamente estável, pode facilmente gerir com sensatez a sua utilização. Mas as crianças e os jovens, em processo de formação, que ainda não possuem essa estabilidade, assumem a permanente utilização do telemóvel, em detrimento de outras atividades, como sendo a única realidade da sociedade. E os perigos da dependência e da exposição excessiva aos ecrãs são hoje reconhecidos, sobejamente, pela comunidade científica: atrasos no desenvolvimento cognitivo; déficit de socialização, construção e assunção de mundos e realidades virtuais.

Por isso, a recente recomendação para a proibição dos telemóveis nas aulas e recreios das escolas de Almeirim, aprovada por unanimidade pelo Conselho Municipal de Educação, é de realçar e louvar.

Quando noutros países essa proibição já existe há anos, esta decisão do município de Almeirim é, entre nós, a pedra no charco para agitar e reabrir o debate nacional acerca deste grave problema.

Gustavo Costa – PS Almeirim