Continuando a minha divulgação de hábitos típicos e pitorescos do nosso povo de Almeirim, debruço-me hoje sobre as excursões, as peregrinações e diversões antigas. Atos de fervor religioso e também para divertimento, eivado de mística etérea e no qual participam e (participavam com fé? Julgo que não) milhares de adeptos. Afinal lá apareceu novamente a nossa Procissão dos Passos. É preciso ter coragem ao fim de tantos anos…será por eu andar a dizer que isto de termos faltas de “Precisões” está pela hora da morte ou é para me fazerem o jeito… já diziam os antigos… ao menos que a fé no salve.
Depois do final da 1ª Grande Guerra, e com o aparecimento do Milagre de Fátima em 1917, os Almeirinenses bem como o País inteiro lá se faziam as excursões de mês para mês, todos nos dias 13; repete-se ainda hoje a magia popular que não se olha a meios nem a processos para comparecer no Lugar Sagrado, já agora recordar a Palmira que as fazia em simultâneo haver excursões à Nazaré passando por exemplo por Alcobaça e ir até a Fátima. Talvez fosse na altura os lugares preferidos do nosso povo. Como prova do que afirmo eis uns instantâneos de uma peregrinação a Fátima nos anos 50, um grupo de Almeirinenses em outubro depois das Vindimas e lá tiveram de passar pela Nazaré.
Neste caso porque não lembrar que além da ida à Praia era obrigatório ir ao Sítio ver e rezar à Imagem da Nª. Senhora da Nazaré, mas para isso lá iam de Elevador que poucos na altura o fizeram e se bem me lembro foi inaugurado em 1889. Mas passados 80 anos sei como testemunha ocular que preferiam antes ir a uma Casa considerada como Catedral naquele tempo, ir encher o bandulho e para isso uma referência que naquele tempo havia refeições bastante populares, que hoje com o preço de uma bica, enchia-se a barriga a quase 5 Morfanáticos do Sistema.
Era e é bem perto do Elevador, no Restaurante Maria Matos, que ficavam por ali a “ORAR”. Nestas manifestações em que o povo e ainda hoje e mais que nunca, não dispensava a galinha corada e o respetivo arroz de forno, bem como um bom Casqueiro feito a preceito e que o Palhinhas não faltasse porque seria a melhor companhia para aquelas ocasiões e já a “manica de tirar retrates”. Os ajuntamentos naquele tempo eram mais tarde condenados a partir dos anos 30 por motivos Políticos, logo somente eram autorizados como já antigamente disse e o que Salazar impôs: Fátima, Fado e Futebol.
Haver ajuntamentos foi sempre um dever e uma procura do nosso povo antigo, já em tempos em que no Largo da Fonte dos Namorados, no Jardim da República, nos Charcos e muito depois junto à Praça, eram ali as negociatas na procura de Patrão, vender qualquer coisa, festejos, já não falando das nossas Procissões:
Mas também naqueles saudosos anos 60 houve e ainda me lembro, mais um ajuntamento, mas nada de caracter religioso. Talvez alguém nesse dia tivesse dito, que tinha sido milagre a saída da Sorte Grande na Barbearia do Sr. Zé Carvalho onde foi vendido o Bilhete milagreiro vendido pela saudosa Dª Maria da Graça que juntamente com a Dª Olivia também Cauteleira faziam um par de Rosas “Tintas” a vender por vezes a Fortuna que era sempre Benvinda, já agora para recordar:
A Foto ilustra o ajuntamento bem-intencionado e de contentamento, tirado no então prédio do Dr. Cantante naquela tarde bem friorenta, mas que pelos vistos aqueceu quem ganhou. O Sr. Manel que lá para os seus botões e para o fotógrafo dizia …- Tou rico e agora vou pagar a quem devo e ser um pouco feliz.
Augusto Gil