Antes de entrarmos nos “entas”,
Nem sequer imaginamos,
Que é nos “ entas” onde melhor estamos.
Uma maior maturidade,
Uma maior conexão,
Uma extraordinária sensibilidade,
Para o que vale a nossa dedicação.
Um respeito interior,
Mais autonomia e valorização,
Um desapego obrigatório,
A quem não, nos estende a mão.
Uma responsabilidade mais suave,
Que merece admiração,
Um aconchego promenorizado,
Que nos toca o coração.
Uma fragilidade que é aceite,
Sem requerer condições,
Acreditamos no poder
Das nossas reflexões.
Um sentimento mais leve,
Uma atitude consentida,
Uma idade solene,
Fora toda a contrapartida.
Com regras e exigências,
Que a vida já nos preparou,
Entramos nos “ entas”,
Com tudo o que o tempo nos levou.
Sem objectivos definidos,
Pensamos no que aprendemos a viver,
Sobrevivemos aos “entas”,
Sem mesmo se aperceber.
Com vitórias e derrotas,
Agora é sempre a somar,
Concentramo-nos nos “ entas “
E por lá ambicionamos ficar.
O receio da viagem
Já não faz mais sentido,
Ultrapassámos o marco,
Pretendemos só o que é merecido.
Um caminho exigente,
Que nos encoraja e faz refletir,
Este percurso dos “entas”
É trágico se sair!
Tudo passa tão rápido,
Os vinte foram a voar,
Os trinta o que mais nos lembra,
É que aos quarenta estávamos a chegar.
Aos cinquenta se Deus quiser,
Por lá vamos ficar,
Até que os sessenta se venham a nós, apresentar.
Quando chegarmos aos setenta,
Que mais poderemos dizer!!
Que venham os oitenta,
Logo vemos o que fazer.
Se tivermos saúde e a sorte do nosso lado,
Que venham os noventa com um corpo desenrascado.
A partir daí,
Os “entas” é ultrapassado,
E em grande velocidade
Díria que agora sim,
Chega a “flor da idade”.
Na imperatividade de seguir,
Tenho a certeza,
E bem,
Que dos “entas” só saímos,
Quando atingirmos os cem.
Poderemos continuar !!
Valha-nos Deus e os anjinhos,
Quem os cem celebrar,
Que não os festejem sozinhos.
Uma história,
Uma vida,
Todos temos para contar,
Nos “ entas” continuo a dizer,
É onde melhor podemos estar.
Ultrapassando a barreira,
Que nos arranca de lá,
Nada se pode negociar,
Para voltarmos de novo para cá.
Passou,
Está passado,
Não há volta a dar,
Quando saímos dos “ entas”,
Não podemos mais voltar.
Com todos os “entas” feitos,
A verdade é nua e crua,
E não existe outra solução,
É feito o desembarque,
Na última estação.
De malas e bagagens,
No coração bem guardado,
Estamos breves a mudar o caminho,
Agora , do outro lado.
Um sabor amargo,
Que cheira a despedida,
Chegámos à meta,
Mesmo no fim da corrida.
Sandra Fé Fernandes