Foi assustador o discurso de Putin no Kremlin, no passado dia 21 de fevereiro, lembrando-nos as intervenções dos mais lunáticos e sanguinários ditadores que abundam, infelizmente, na história da humanidade. Numa época em que, para a maioria dos habitantes deste planeta, os perigos de um conflito armado entre as grandes nações parecia algo inimaginável, surge, de repente, a intervenção do senhor todo-poderoso da Rússia, a roçar as fronteiras da demência, tal o ódio destilado para com a Ucrânia, que para ele não tem o direito de existir, e a obsessão doentia pelo restauro do império russo.
Mas, ao ouvi-lo, tive a estranha sensação de estar perante um homem com medo, assustado. Os grandes pesadelos de Putin, os que lhe perturbam as noites, são a União Europeia e o modelo de sociedade democrática e humanista que nela vigora. A democracia plena e uma Europa livre de tiranos, são os seus maiores temores. A Ucrânia e a NATO são meras desculpas para alcançar os seus verdadeiros objetivos. O neofascista Vladimir Vladimirovitch Putin, apoiado no seu séquito de oligarcas, em promíscua aliança entre o poder político e as suas imensas fortunas, não tem qualquer relutância em sacrificar povos inteiros – incluindo o seu –, numa perigosa guerra que sabe que não vencerá.
O povo da Ucrânia está a pôr a nu os verdadeiros temores de Putin. Em todo o mundo, os homens sabem que, pela Liberdade, vale a pena lutar e morrer, por um tirano só morrerão se obrigados a lutar. O medo de Putin é que, um dia, os russos optem e lutem pela Democracia e pela Liberdade. Mas…, os homens assustados são propensos a grandes loucuras.