Diogo Pombas junta a arte das mãos e da voz

No passado dia 30 de Novembro, Diogo Pombas reuniu, no restaurante “O Aviador”, em Almeirim, clientes, colaboradores e amigos para uma Gala de Natal que igualmente celebrou o sétimo aniversário da existência do seu Salão Fios D’Ouro, situado em Fazendas de Almeirim. Um evento que esgotou a sala e que teve a animação a cargo da banda de Rafael Vargas. O Jornal O Almeirinense falou com o homem que se tem destacado não só na arte dos cabelos, como no panorama musical nacional.

Porquê esta Gala de Natal especial?

São sete anos de salão Fios d’Ouro que, posteriormente, irá chamar-se Diogo Pombas Cabeleireiros porque tenho a intenção de alargar o negócio. A gala de hoje tem a colaboração de Rafael Vargas, das empresas Toque de Fadas  e Divas da Moda Íntima, com quem trabalho, e decidimos organizar esta gala para juntar clientes e colaboradores fora do contexto de trabalho.

Que balanço faz destes sete anos?

Faço um balanço muito positivo. Tirando o período do COVID, que foi muito difícil para toda a gente, mas consegui reerguer-me. Claro que já pensei muitas vezes em fechar, não por quebra do negócio, mas por cansaço, quer físico como psicológico. O cabeleireiro também é um espaço onde, além de se tratar dos cabelos das clientes, também se tem de ter disponibilidade para ouvir as pessoas. Criam-se laços com as clientes. E é para celebrar esta relação afetiva com as clientes que decidi fazer algo que fosse bonito e diferente, aproveitando esta quadra. Aliás, só com um mês de divulgação do cartaz, ainda sem fazer os convites, e a Gala  já estava esgotada…

E a música?

Tenho dois trabalhos ligados à arte – a arte das mãos e da voz, embora o teatro tivesse ficado agora um pouco parado. Não é fácil mas, com uma boa organização, consegue-se. É uma das razões porque preciso de alargar a equipa para me conseguir “desdobrar” e dar uma resposta mais rápida. A visibilidade televisiva abriu-me portas. Sou novo, tenho 27 anos e a jovialidade que me permite agora ter uma capacidade multifunções. Por isso decidi aceitar o convite e estou, semanalmente, numa casa de fados em Alfama – Porta d’ Alfama. Quer a música, quer o cabeleireiro são atividades de serviço ao público, portanto, tenho de ter disponibilidade e sentido de entrega. Muitas vezes acontece cantar no cabeleireiro para alegrar  as clientes. Penso que servir os outros, fazendo-os sentir-se melhor é o que é mais importante. Dar alegria à vida das pessoas, quantas vezes ela é, para muitos, difícil e insuportável.

Já lhe passou pela cabeça desistir de alguma destas suas artes?

Embora quisesse ser cabeleireiro desde criança, a aventura da música começou primeiro. Mas interrompi-a por dois anos quando estive a trabalhar entre Coimbra e Fazendas. Confesso que virei costas ao fado porque não me identificava com a competição entre colegas – “tu és melhor que eu” – isto não é o fado. Cada um canta ao seu estilo e faz a sua interpretação do fado. A Amália dizia “eu não canto, eu sinto.” Penso que é por aí. O fado não é “quadrado”. Mas depois voltei. Quanto aos cabelos, comecei aos 19 anos e houve alturas em que pensei desistir porque é muito difícil ser trabalhador por conta própria em Portugal. Agora não penso em desistir. Acho que faço as coisas no tempo certo. Também não tenho a ambição de dizer que quero ser o maior cabeleireiro ou o maior artista…não! Quero dizer apenas que sou feliz a cantar ou como cabeleireiro. Que me sinto bem a fazer aquilo que gosto. Claro que, o trabalho de cabeleireiro dá um grande desgaste físico mas não penso desistir  de nenhuma das áreas. Tenho a profissão da alma – o fado e a do coração – cabeleireiro. E do ponto de vista financeiro, completam-se.

Já que falamos em questões financeiras, não foi um risco abrir em Fazendas de Almeirim?

Curiosamente, tudo apontava para abrir em Almeirim. Mas as rendas eram altas. Entretanto, encontrei o espaço onde estou e resolvi instalar-me. Mas os dois primeiros anos foram ocupados a conquistar clientes mas já tenho uma carteira de clientes fixa. Entretanto, houve a possibilidade de adquirir outro espaço mas a colega que ficaria nesse espaço adoeceu e é difícil arranjar pessoas para um cabeleireiro unissexo. Fica para mais tarde.

E a política?

Eu já sabia… é verdade que tive um convite da direita para cabeça de lista da junta de freguesia. Achei muito interessante mas, neste momento da minha vida, não estou interessado. Mas mais tarde…ponderava em fazer algo pela minha terra e, a política é um meio. Não fecho a porta. Mas é um cargo que exige muito! Este não é o tempo certo.

E projetos… para a música?

Para o ano, vou gravar! Tem de ser bem pensado porque sou do ribatejo e o fado em Lisboa é mais tradicional. Mas terá dois ou três originais. A novidade será o lançamento de “algo” físico para dar continuidade ao meu percurso no fado. De resto, enquanto tiver voz e mãos, é sempre para continuar com o fado e o salão.