É sabido que, no nosso sistema político, após eleições, cabe governar ao partido, ou coligação, que tenha obtido a maior base de apoio parlamentar. Se não tiver essa maioria parlamentar – e nenhum outro grupo a conseguir ou quiser – terá de governar em minoria ou, então, não aceitar esse cenário e provocar novas eleições. Este Governo da AD optou, legitimamente, por governar em minoria, carregando com todas as dificuldades resultantes dessa escolha.
Um governo minoritário tem de demonstrar, se quiser continuar a governar, uma grande flexibilidade nas negociações com a oposição (ou oposições) que também se sentam no hemiciclo. Sabe que, sendo minoritário, tem de convencer pela negociação os outros partidos a aprovarem as suas propostas de governabilidade. Para este jogo democrático, difícil sem dúvida, o governo minoritário tem de demonstrar também uma grande humildade: reconhecendo que os portugueses não lhe quiseram dar a maioria e, em vez, disso deram-lhe uma vitória tangencial em relação à segunda força mais votada, vitória que tanto poderia ter caído para um lado como para o outro. Foi a vontade soberana dos portugueses.
Por isso, a este Governo, exigir-se-ia uma maior humildade. Mas não! O Governo age, com soberba, como se tivesse ganho com maioria. Exige aos partidos da oposição que aprovem as suas medidas, porque elas fazem parte do seu programa eleitoral. E os outros partidos, o que fazem ou como respondem perante os seus eleitores que recusaram esse programa da AD? Para este Governo há que respeitar a vontade do seu eleitorado, mas, despudoradamente, não respeita a vontade dos restantes eleitores.
Haja coerência e humildade democrática.
Gustavo Costa – PS Almeirim