João Moura Jr. – o legado da dinastia Moura

João António Braz de Moura, de nome artístico João Moura Júnior, nasceu em Portalegre a 6 de abril de 1989. Filho do cavaleiro João Moura começou a montar a cavalo muito jovem. Com apenas sete anos de idade apresentou-se em público, em 1996 na praça de Monforte, hoje, ostentando o nome de seu pai João Moura. A 10 de abril de 2005 prestou provas para cavaleiro praticante na praça de Aldeia da Ponte. A 23 de abril de 2005 estreou-se em Espanha na praça de touros de Badajoz. A 15 de maio de 2005 tomou a alternativa das mãos de seu pai, João Moura, na arena de Nines (França) tendo como testemunha Maria Sara e o espanhol Andy Cartagena. Cortou duas orelhas ao seu touro da alternativa da ganadaria de Pedro e Verónica Gutiérrez. Terminou a temporada com mais de 50 corridas, em Portugal, Espanha e França, tendo cortado mais de 100 orelhas num só ano. Confirmou a alternativa em Las Ventas – Madrid – a 5 de junho de 2005, tendo como padrinho seu pai, e como testemunha Pablo Hermoso de Mendoza, sendo os touros da ganadaria Los Espartales. A 3 de maio de 2007, no Campo Pequeno, confirmou a alternativa em Portugal tendo como padrinho seu pai e como testemunha Andy Cartagena. Lidaram-se touros de Francisco Romão Tenório. A 17 de junho de 2008, no Campo Pequeno, encerrou-se, em solitário, com seis touros de diferentes ganadarias, e assim começou a escrever com letras de ouro, a sua história de cavaleiro tauromáquico.

A corrida das vindimas, na Arena d’ Almeirim, na noite de 20 de setembro, vai ter um João Moura Júnior num patamar muito alto. Fale-nos do seu regresso a Almeirim.

Regressar a Almeirim, a uma praça que tanto me diz ao longo da minha carreira. Acho que já é a quarta ou quinta corrida que participo lá, estive na inauguração, já toureei com a praça esgotada lá e tenho um grande sentimento pela praça e acho que o cartel está muitíssimo bem montado porque é um cartel que está rematado, e sem dúvida estar na despedida do Rui Salvador é para mim também um grande privilégio.

Há muitos anos que o acompanho como toureiro. Esta temporada está a ser novamente uma temporada de triunfos atras de triunfos. Dê-nos a sua versão da sua temporada.

Eu particularmente não gosto muito de falar de mim, mas penso que é certo que as temporadas hoje em dia são muito mais curtas do que em anos anteriores, mas tem sido uma temporada completa, estar nos principais cartéis, nas principais corridas. Destacaria talvez a corrida de Santarém, a que estava esgotada, também as Sanjoaninas na Ilha Terceira e o Campo Pequeno, como é lógico, é sempre a praça talismã para mim e é sempre um orgulho estar presente.

A paixão pelo toureio a cavalo vem de família ou aparece como pura naturalidade?

Eu penso que nasci um bocadinho com essa essência dentro. É lógico que o meu pai sempre quis que eu fosse toureiro e me ajudou, e ajuda, diariamente. Mas acho que nasceu mesmo comigo próprio. Lembro-me perfeitamente, que as minhas brincadeiras de miúdo foram sempre com cavalos e com touros, e todas as histórias que me contam, das que eu não tenho memória, eram sempre ligadas aos touros e aos cavalos.

Quais os cavalos da sua atual quadra, com qual mais gostas de tourear?

Eu penso que, como as temporadas são curtas, também a quadra está mais curta. Mas sim, hoje em dia, todos os cavalos que tenho preenchem muito porque cada qual dá o seu máximo, estão espremidos ao máximo, no bom sentido, e penso que qualquer cavalo que tenha hoje em dia para mim é importante. Lógico que destaco um dos cavalos, não só da minha quadra atual, mas sim também da minha vida que é o Hostil, um cavalo que me tem marcado muito pela forma nova de fazer a mourina, um cavalo que tanto me deu e me dá, e espero continuar a espalhar magia pelas praças fora.

A arena de Almeirim foi e é um ex-libris da família Moura. O que acha do cartel da corrida?

Eu penso que o cartel, como disse anteriormente, está muitíssimo arrematado, é um cartel de competição, um cartel que, nas corridas, vai sempre dar o máximo. Estamos todos num grande momento, é certo que o touro tem que ajudar porque há só um touro nesse dia, mas acho que o cartel está bem montado e, muito particularmente, para mim é um orgulho enorme estar presente na despedida do Rui Salvador, tal como estive na Nazaré, tal como estive no Campo Pequeno a assistir. E para mim e certamente para muitos dos meus colegas, estar presente na despedida de uma grande referência, é sempre um grande privilégio.

Sabemos que toureia touros de qualquer ganadaria. O que acha dos touros da ganadaria Manuel Veiga?

Acho que é uma ganadaria encastada, uma ganadaria brava. Acho que só uma vez ou duas vezes é que os toureei, infelizmente, mas como disse é uma ganadaria brava, são grandes ganadeiros, grandes conhecedores do touro e do cavalo, portanto acho que tem tudo para que os touros saiam bem e esperamos que a sorte acompanhe a todos.

Tem preferência por touros de alguma ganadaria em especial?

Tenho preferência pelo touro bravo. Um touro que é bravo e que traga emoção. Hoje em dia tenho tido grandes triunfos com as ganadarias como Murteira Grave e Veiga Teixeira, que tem sido as ganadarias com que mais me tenho identificado nos últimos anos, mas não posso esquecer a ganadaria do meu tio Romão Tenório, que é aquela que eu conheço como a palma da minha mão.

Sabemos que todos os toureiros têm momentos muito bons e outros menos bons. Fale-nos dos bons e dos menos bons momentos que teve durante a sua carreira de cavaleiro tauromáquico.

Eu acho que os momentos bons ultrapassam sempre os momentos maus. Mas como é lógico, como qualquer toureiro, tenho momentos maus, e tanta falta faz, porque é uma profissão de risco, uma profissão de verdade, e os momentos maus vão aparecer sempre. Isso dá sempre força para podermos crescer, para podermos limar algumas coisas que, quando há um acidente por nossa culpa, não voltar a acontecer. Mas como disse, os momentos maus ficam sempre ultrapassados pelos momentos bons.

Quer deixar aos aficionados alguma mensagem para irem ver o João Moura Júnior, na noite de 20 de setembro, na Arena d’Almeirim?

Espero por todos os aficionados no dia 20. Resta-me dizer que irei dar o máximo, como tento dar diariamente. Espero não defraudar, espero ter uma casa esgotada outra vez, como da última vez que la estive. Espero por todos no dia 20, que certamente vai ser uma grande corrida.