“O pior momento foi descer com o União de Almeirim”

Bernardo Gomes foi um dos mais promissores jogadores na sua geração. Guarda-redes de muita qualidade decide terminar a carreira e faz o balanço ao Jornal O ALMEIRINENSE.

Porque tomou a decisão de parar? 

A decisão de parar foi pensada devido à carga física que tinha com viagens, com deslocações e agora com o meu novo recente emprego. Chegava a casa todos os dias (treinos ou jogos) à 1h/2h da manhã e torna-se fisicamente incompatível.

O que sentiu no último jogo em casa? 

Senti um misto de emoções! De que podia ainda fazer mais anos e bem, mas por outro lado, também me fez ver que o futebol, hoje como está, já não merece o esforço, a dedicação que temos e o tempo que gastamos. Acabamos por nos frustrar com alguns domingos e pensamos (pelo menos eu) que, às vezes, estragam semanas de trabalho, por caprichos e por alguns não terem vontade de fazer esse esforço.

Que balanço faz da carreira? 

Faço um balanço positivo, andei sempre em equipas que lutavam por títulos, desde o Coruchense, do Gonçalo Silva, até ao U. Almeirim, presidido pelo André Mesquita, que na altura, me fez ver, que o meu clube de formação e do coração, merecia mais e merecia lutar por mais! Tenho alguns troféus, umas subidas de divisão, uma taça do Ribatejo, mas, em geral, foi bom.

Qual o melhor momento?

O melhor momento, sem dúvida, foi ter sido campeão ainda com 22/23 anos, em Coruche. Foi algo que nunca pensei que fosse acontecer, porque era muito novo e tínhamos um grupo/família a quem era impossível ganhar. Outro momento, foi a histórica subida com a SAD, também do U. Almeirim, onde atingimos recordes nacionais de vitórias e o facto de termos conseguido colocar o clube aos nacionais.

E o pior? 

O pior, para mim, foi ter descido às distritais com a SAD do Almeirim. Na altura, foi um momento em que pensei que poderíamos ter feito mais e melhor com as condições que tínhamos.

Qual o treinador mais marcante? 

O Gonçalo Silva, sem dúvida. Porque apostou em mim sem me conhecer e foi pela mão dele que cresci e senti muito mais o futebol.

Sente que podia ter atingido patamares mais altos? 

Sim sinto, mas não estou arrependido.

Porque não conseguiu? 

Tenho a noção que foi devido à minha irreverência, também por nunca ter tido o apoio e estabilidade emocional para tal.

Tinha fama de irreverente. Isso prejudicou-o?

Sim, sem dúvida, mas também sabiam que dava tudo pelo clube que jogava e pela equipa que representava.

E agora? 

Agora é desfrutar do tempo, aproveitar para criar família com a minha namorada, que é um sonho meu e dela. Poder ter mais tempo para ela, pois é quem me apoia muito e sabe o esforço que faço todos os dias, até ao último dia pela nossa vida. Agora é tempo para dedicar a ela e poder desfrutar de outros momentos que antes estávamos muito privados.