Assinala-se, este ano, o V centenário do nascimento de Luís de Camões (1524-2024), cuja obra, inseparável de um mundo em transformação, é um símbolo de humanismo progressista.
A figura e obra de Camões foram manipuladas pelo fascismo, que, procurando cobertura ideológica para esse regime iníquo, as utilizou para propagandear o nacionalismo fascista e a sua concepção colonialista.
Camões, “Os Lusíadas”, 10 Junho (a que abusivamente, chamavam “dia da raça”), foram usados para promover o obscurantismo, a manipulação das consciências e a censura, que impunham ao povo português pelos mais diversos meios de controlo ideológico, repressão e terror.
Um entendimento bem diferente é devido, porém, a Camões e à sua obra. Camões tem uma significativa importância na nossa história cultural.
Camões e a sua obra são, hoje, património comum da humanidade. Traduzido em várias línguas, representado e estudado em diferentes partes do mundo, continua a ser, atualmente, um nome maior da história da literatura.
Artista de grande dimensão, não protegido pelo poder, marginalizado pelos poderosos e privilegiados do seu tempo, Camões é um poeta do povo e da pátria portuguesa, pelo modo como refletiu um acontecimento histórico, os descobrimentos geográficos, e como desenvolveu e apurou as capacidades da língua portuguesa.
Camões é um poeta do Renascimento, de uma época de exaltação das realizações humanas face ao divino e ao obscurantismo, de um mundo em transição, no qual se vai formando um novo pensamento filosófico e científico, ligado à observação da natureza e à experiência, que as forças reacionárias dessa altura, nomeadamente através da Inquisição, procuraram reprimir e conter.
“O colectivo da CDU” – CDU Almeirim