Em 2023, realizaram-se 138.861 consultas médicas no Hospital Distrital de Santarém (HDS). No entanto, registaram-se 32.575 faltas às consultas agendadas, o que equivale a uma percentagem de 19%, das quais apenas 3% foram justificadas.
Os dados foram divulgados na quinta-feira, 11 de abril, por Tatiana Silvestre, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Lezíria, no âmbito da sessão “A minha saúde, o meu direito”, promovida pela Câmara Municipal de Santarém para celebrar o Dia Mundial da Saúde, efeméride assinalada a 7 de abril.
O número de faltas às cirurgias na unidade hospitalar agora integrada na ULS da Lezíria foi menor. No total, foram realizadas 7.065 intervenções cirúrgicas programadas, tendo sido registadas 154 faltas, das quais apenas 21 foram justificadas.
“A saúde é um direito. Mas os cidadãos têm deveres. Não devemos esquecer o dever de defender e promover a nossa saúde. Compete também a cada um de nós adotar comportamentos que contribuam para o bem-estar individual e coletivo”, mencionou Tatiana Silvestre, alertando para os constrangimentos que as faltas não justificadas às consultas, cirurgias e exames acarretam para o Serviço Nacional de Saúde, refletindo-se no aumento das listas de espera.
Durante a sua intervenção, Tatiana Silvestre lembrou ainda que em 1992 a esperança de vida média à nascença em Portugal situava-se nos 73,97 anos. Em 2022, com a pandemia, registou-se uma ligeira diminuição em relação aos anos anteriores, mas a média de esperança de vida à nascença era de 80,96 anos.
“O envelhecimento da população trouxe um grande peso para o Serviço Nacional de Saúde que tem uma maior procura e existe uma maior pressão sobre os serviços dos cuidados de saúde primários, serviços hospitalares e também nas urgências. Essa maior procura conduziu a longas listas de esperas para consultas e cirurgias. As pessoas têm de ter noção que é fundamental avisarem atempadamente e desmarcarem quando não podem comparecer. Só assim haverá melhor saúde para todos”, frisou a responsável.
A abertura da sessão, centrada no tema escolhido este ano pela Organização Mundial da Saúde para o Dia Mundial da Saúde – “A minha saúde, o meu direito” – contou também com a intervenção de Alfredo Amante, vereador responsável pelo pelouro da Saúde, que salientou a relevância da iniciativa e agradeceu a presença dos presentes.
Seguiu-se um debate, moderado por Hélia Dias, diretora da Escola Superior de Saúde de Santarém, na qual participaram Maria João Estorninho, jurista e especialista em contratação pública, que se focou no papel da globalização em saúde, Félix Lobelo, médico de Saúde Pública, delegado de Saúde e coordenador da Unidade de Saúde Pública da ULS da Lezíria; Eva Palha, médica coordenadora da Unidade de Saúde Familiar Almeida Garret, e a enfermeira Manuela Vieira, coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade de Santarém, tendo sido abordado nestas três intervenções o facto de a saúde ser um direito e ao mesmo tempo um dever, assim como os conceitos de “literacia em saúde” e “literacia em saúde digital”.
O encerramento da sessão coube a Elisabete Filipe, chefe da Divisão de Ação Social e Saúde da Câmara Municipal de Santarém.