Mário Figueiredo lidera o Clube de Canoagem Scalabitano da Ribeira de Santarém desde o final de 2023. Em entrevista ao programa “+Desporto”, da AlmeirinenseTV o presidente fala desta nova função e dos objetivos a que se propôs ao longo do seu mandato.
Como é que surge a liderança e a presidência do Clube de Canoagem Scalabitano?
A liderança e a ligação ao Clube de Canoagem Scalabitano nascem pela a curiosidade e pelo o interesse de fazer um desporto com o meu filho, o Martim, desde os finais de 2018, iniciamos a canoagem ali na Ribeira de Santarém e fui percorrendo o caminho natural aprender a pagaiar ,e, entretanto, ganhei gosto pelo desporto. Fui tirar o curso de treinador e entretanto na tentativa de fazer algo diferente pelo desporto que eu, muito sinceramente, nunca tinha feito um desporto federado, acabei por me filiar por um desporto, dizem que nós aos 40 anos ou compramos um descapotável ou uma mota e eu comecei a fazer desporto, foi uma mudança de estilo de vida e nesse aspeto ganhei tal gosto pelo desporto que comecei a ligar me de tal maneira. As características da canoagem acaba por nos levar de norte a sul de Portugal muitas vezes até ao estrangeiro, já realizei provas em Espanha, e levou me a gostar de tal maneira que em sequência tiro a curso de treinador ,acabei por formar uma equipa há 4 anos atrás e fazer parte da gestão do clube um estive 4 anos como vice-presidente e ao fim deste mandato que foi agora ,em novembro ,ficou um vazio e eu na perspetiva de não deixar cair aquilo que estava feito e até achei que tinha um projeto que era capaz de ser interessante para desenvolver avancei com alguns elementos que já estavam da equipa anterior convidei outros novos e iniciamos uma nova etapa.
Pai, treinador, dirigente, como é que está a correr agora esta tarefa que se calhar tem um pouco de mais responsabilidade, porque vice-presidente pode haver mais que um agora presidente é só um?
É verdade. Inclusive na direção anterior, éramos dois acumulava várias tarefas, mas a exigência do cargo de presidente sem dúvida que é bastante mais exigente a nível de representatividade porque acabamos por representar o clube não só a nível federativo ,mas também nas instituições locais, ainda a semana passada tive como conselheiro de desporto no município de Santarém em que eu ,entre outros presidentes das coletividades do município de Santarém ,estivemos reunidos com o executivo camarário a discutir diversas situações os planos de investimento aquilo que se perspetiva para os próximos anos e até a nível de representatividade junto da federação Portuguesa de canoagem acaba por ter um papel maior enlace porque acabamos por envolver até a nível de assembleias gerais até a nível da discussão dos orçamentos e tudo mais a juntar ao papel de treinador e ao papel de direção e organização de um clube desta dimensão que já tem alguma dimensão.
E quais é que são as linhas orientadoras deste tal novo projeto que foi iniciado no final deste ano passado?
Eu e a minha equipa temos a perspetiva acima de tudo para já trazer as pessoas até á nossa modalidade, nós acreditamos que até estamos em ciclo olímpico ,e este ano vamos ter os jogos olímpicos a paris estamos na expectativa da canoagem trazer pelo menos duas medalhas para Portugal, esperemos que o Pimenta e o Messias consigam trazer duas medalhas uma no K2500 e outra no K1 e 1000 metros vamos ver o que é que vai acontecer mas a minha perspetiva e o meu plano de visão junto com a minha equipa será desmistificar um pouco o Tejo porque as pessoas acabam um pouco por criar algumas expectativas e alguns medos daquilo que longo dos anos nós enquanto vivemos aqui em Almeirim vivemos neste município sempre ouvimos dizer já faleceu não sei quem no Tejo tanto acontece no Tejo como acontece no mar como acontece num automóvel se nós não respeitarmos determinadas regras irá sempre acontecer algo que sai fora do nosso controlo, o Clube de Canoagem Scalabitano já esta na ribeira de Santarém há 32 anos por muito curiosamente sempre teve laços a Almeirim através do CADCA tivemos o fundador do Clube de Canoagem Scalabitano foi José Maurício que faleceu este ano mas criou também o clube aqui em Almeirim desenvolveu aqui varias estratégias infelizmente já não temos o clube do CADCA mas acabamos por ter até atletas que fazem parte da génese do Clube Scalabitano que estiveram ligados a Almeirim, e ainda hoje estão ligados ao clube após 32 anos.
Portanto, desmistificar isso porque há muitos receios ainda em relação às competições, a presença, a proximidade no Rio Tejo.
Sim, é verdade. Ainda existem alguns receios, face à mística do tejo. A verdade é, no passado dia 3 de fevereiro, fizemos uma descida do tejo, muito interessante e realizamos ao longo do ano, temos várias descidas de lazer.
Isso encaixa, precisamente, na questão de que não será só competição, mas também lazer.
Corretamente. Gostava de fazer aqui um breve apontamento, nós temos no clube um grupo que chamamos “Os Lontras”. “Os Lontras”, porquê? Primeiro que tudo, existem lontras no tejo, não sei se sabias, faz parte aqui dos seres que existem no nosso Tejo e tem também flamingos. A vida animal é evidente que existe peixes normais, as aves, mas havendo aqui flamingos e havendo aqui lontras, é algo que penso que muita gente desconhece e nós temos captado através de uma câmara noturna, uma lontra mesmo aqui na foz da vala de Santarém, da Ribeira de Santarém ali a brincar, curioso, não é? E então, estes lontras são um grupo de indivíduos homens/mulheres que na perspetiva deles vêm a canoagem como o lazer, como o fitness e vêm fim de semana após fim de semana, pegam nas suas embarcações, evidente sempre orientados pelos técnicos, por mim e pelo nosso diretor técnico, e acabam por levar as suas embarcações para fazer a sua atividade de lazer ou fazem um descida, ou fazem um percurso, temos ali uma ilha no Tejo, inclusive tem um baloiço, temos uma mesa montada de piquenique, a malta que até encara, pega num pequeno lanche, sobe o Tejo, para ali, conversa um bocadinho, faz um lanche e volta a descer o Tejo, ou seja, faz a sua atividade, acabou também por fazer a sua higiene mental, perdoem me a palavra, e descarregou sobre o stress de toda a semana e ganhou energias para uma nova semana.
Estamos numa fase em que até há água no tejo.
Há bastante água no tejo. A descida que realizamos no dia 3,até tivemos de ter algum cuidado para que a descida não fosse tão breve, para que as pessoas não estivessem com uma corrente tão forte, mas voltando a dizer, sem qualquer perigo, respeitando as regras que nós passamos a indicação a quem vai connosco, a pessoas sem qualquer experiência na canoagem puderam usufruir de um dia fantástico, fizemos um percurso de 12 km, em que parámos a meio, a rapaziada bebeu um chá, conviveu, voltaram a montar-se nas embarcações, vieram até a Ribeira de Santarém, sem qualquer problema, sem qualquer stress. Como eu disse, em 32 anos, a canoagem em Santarém nunca teve qualquer problema, qualquer situação que pudesse dizer “opa, houve um perigo”, causou-se uma situação, fosse ela qual fosse, porque? Há o respeito pelo plano de água, há o respeito pela natureza, há respeito pelo rio que tem correntes e tem árvores e havendo isso, se nós tivermos os cuidados que devemos de ter em qualquer situação, o Tejo não tem qualquer problema, aliás tem é algo para nos dar, é a beleza, é o contacto com a natureza, é o desenvolver um desporto fantástico.
Qual é a atual situação do clube em termos financeiros? Qual é a saúde financeira que o Clube Scalabitano tem nesta fase?
Posso dizer que temos uma boa saúde financeira porque nos dois mandatos anteriores, conseguimos angariar um conjunto de financiamento extra-município, aliás nós temos o financiamento do município é dado a todas as instituições desportivas do município, em função do número de associados, uma série de regras que não interessa agora estar a referir, mas também conseguimos reunir os apoios externos, empresas, indivíduos que vêm no clube uma mais valia também para as empresas. Ou seja, temos os nossos parceiros inclusive aqui, uma das empresas de Almeirim a Toniauto, que é um dos nossos parceiros que acabou por nos oferecer um atrelado para o nosso barco, para podermos acompanhar, não só os nossos atletas ,como também descidas de lazer. Nessa perspetiva, acabamos por ter uma saúde financeira bastante saudável, aliás estamos agora a concluir os nossos dois novos balneários para podermos acolher o máximo de visitas, atletas, de pessoas que desejam praticar a canoagem connosco e foi através de financiamento da câmara municipal, do município, candidatámo-nos a um apoio e tivemos a oportunidade de receber a volta de 36 mil euros para desenvolver a construção dos dois balneários, é evidente que não era o suficiente, mas em conjunto com os nossos parceiros conseguimos concluir dois balneários com a dimensão para a volta de 40 pessoas cada um.
Qual é o número de atletas que neste momento o clube tem?
Neste momento, estamos a iniciar a época, já temos à volta de 50 atletas filiados. É evidente que ao longo do ano acabam por aparecer mais 20/30 atletas, estou a referir só atletas de competição, depois os atletas de lazer acabam por ser um número a parte, acaba por ser mais volátil, mas acaba por ser, posso tentar precisar, temos entre os 20/30 atletas de lazer.
Falamos também na recriação, mas temos tido aqui o Martim que é um dos exemplos, atletas com muito bons resultados e com uma perspetiva porque são relativamente jovens, de poder a estar a nível mais alto e a nível superior.
Sim, temos essa perspetiva. O clube tem vindo a evoluir e a visão das pessoas que têm assumido o clube da qual eu tenha feito parte, têm perspetivando criando as condições para os atletas que neste momento estão no clube, tenham as mesmas condições que qualquer outro atleta em todos os clubes de Portugal, consiga ter. Aqui no Scalabitano, nós conseguimos proporcionar aos nossos atletas todas as condições para eles chegarem ao nível mais alto da canoagem e o Martim é uma dessas situações e, certamente, talvez que consigas perceber, uma vez que conheces Portugal pela tua profissão que o nosso rio talvez não seja dos mais propícios a canoagem de alta competição e ainda assim os nossos atletas ao longo da época vêm conseguindo atingir bastantes resultados e temos bastantes medalhas e ainda na época passada atingimos salvo erro 50 e qualquer coisa medalhas regionais e nacionais, inclusive as internacionais.
O objetivo é fazer, pelo menos igual?
O objetivo seria melhorar, neste momento em 32 anos, se calhar o clube teve dois ou três atletas no mais alto nível da canoagem ,teve momentos altos momentos baixos ,característico de qualquer associação e o associativismo vai da carolice de quem está à frente porque nós sabemos, vimos por uma associação não há qualquer remuneração, ou seja, é o gosto pelo o desporto e pela atividade e ao fim ao cabo acaba por ser um incentivo por acabarmos muitos de nós temos os filhos ligados há canoagem. Na minha situação acabo também por praticar desenvolvo a atividade ,não só como treinador mas também como atleta, realizo o campeonato nacional e o campeonato regional. O ano passado, ganhei o gosto pela canoagem de mar que é bastante desafiante, nós não temos aqui mar, temos que ir até Oeiras para desenvolver os treinos, mas a nossa perspetiva enquanto clube será essa criar o máximo de condições a nível competitivo para que os nossos atletas chegam onde eles também quiserem chegar. Isto ao fim ao cabo ser atleta de competição, não é para qualquer pessoa exige um grande espírito de sacrifício e uma entrega grande ,não quer dizer que não se consiga equacionar e equilibrar a vida fora do desporto, mas tem que haver uma entrega e um compromisso diferente de alguém que quer chegar aos patamares mais altos do desporto ou de qualquer outra disciplina.