Adega de Almeirim: A arte da vinificação ribatejana

No coração do Ribatejo, em 1958, nasceu a Adega de Almeirim – uma das maiores adegas cooperativas de Portugal. Com 1200 hectares de vinha, produz, anualmente, 20 milhões de litros de vinho, sendo um dos maiores produtores a nível nacional. Atualmente, conta com a colaboração de 195 sócios acompanhados regularmente pelos melhores técnicos que conferem um maior controlo sobre as vinhas e a sua matéria-prima.

Qual o balanço da campanha de 2023? Tivemos quantidade e qualidade?

Balanço positivo, tivemos um aumento de produção de 10% e aumento de rentabilidade de 5 %.  As uvas entregues pelos nossos associados apresentaram -se em excelente qualidade sem problemas fitossanitários o que nos permitiu obter vinhos de excelente qualidade. Os vinhos são bastante equilibrados, aromáticos, com acidez, frescos e bastante intensos. Podemos afirmar que foi uma boa colheita.

Em termos de vendas, como correu 2023?

Felizmente, o ano de 2023 foi um ano positivo para a Adega de Almeirim, apesar de todas as dificuldades que encontramos no mercado, conseguimos manter as vendas no mercado nacional e aumentar as vendas nos mercados de exportação, onde cada vez mais estamos a apostar e a conseguir atingir os objetivos que estabelecemos 

O aumento dos preços tem gerado preocupação?

Sim, qualquer aumento de preços gera preocupações. Atualmente, atravessamos  uma situação económica mundial muito complicada onde cada vez mais o consumidor tem menos dinheiro disponível e são obrigados a fazer cortes nas suas compras. Qualquer aumento de preços pode significar uma perca de vendas ou a substituição do nosso produto pela concorrência, por isso, temos tentado sempre não sobrecarregar os nossos consumidores com os aumentos de preços e, sempre que conseguimos, absorvemos os mesmo e não refletimos no mercado.

E a falta de água?

À semelhança do que sucede em outras regiões vitivinícolas, na região do Tejo e na área de produção da adega, a falta de água é uma das nossas principais preocupações, dado que nos últimos anos, cada vez são mais os meses em que os acumulados de precipitação ficam abaixo da normal climatológica (média de 30 anos). Em resultado desta situação, a massa de água da bacia do Tejo – margem esquerda, zona onde se situa grande parte da nossa área de produção, tem vindo a reduzir-se de forma significativa, o que levou à suspensão das emissões de títulos para novas captações de água subterrânea. Ao longo dos últimos anos, com a restruturação das vinhas, têm-se vindo a implementar sistemas de rega localizada cada vez mais eficientes, sendo intenção da Adega, a curto prazo, emitir boletins de rega através da análise de dados de estações meteorológicas e de sondas.

A Adega Cooperativa de Almeirim desde 1958 que detém um património vitivinícola ímpar. Quais consideram ser os maiores contributos para os vossos associados?

O maior contributo para os nossos associados é manter o seu património vitivinícola, com castas bem-adaptadas às nossas condições edafo-climáticas permitindo assim a sua sustentabilidade, quer ambiental quer social, permitindo manter a qualidade dos nossos vinhos.

Quais as perspetivas para os próximos anos?

Temos boas perspetivas para os próximos anos, cada vez mais os clientes reconhecem a qualidade dos nossos vinhos e isso deve-se, em grande parte, aos nossos associados que fazem um trabalho fantástico no campo, aliando estes dois fatores a toda uma equipa que todos os dias trabalha na Adega de Almeirim, focada e motivada para o sucesso de todos, sós podemos esperar o melhor dos próximos anos. 

No mercado nacional pode ainda crescer?

Sim, a nossa quota no mercado nacional ainda pode crescer pois, com todo o panorama nacional, existe uma transferência de consumo o que pode fazer com que a nossa quota cresça, além disso toda a nossa atividade comercial está focada no aumento dessa mesma quota uma vez que existem consumidores que ainda não conhecem a qualidade do nosso produto.

E o internacional?

O mercado internacional tem sido uma grande aposta da nossa parte, pois cada vez mais vemos que existe uma possibilidade de crescimento, tanto em volume como em valor em certos mercados, o que torna o mercado internacional muito aliciante, mas nem tudo é fácil como se faz parecer, pois no mercado internacional a concorrência é maior e as realidades dos países são diferentes e requer uma adaptação a essas realidades, é um mercado que apresenta muitos desafios.

Pode dar-nos números de 2023?

A Adega de Almeirim, em 2023, faturou cerca de 16 milhões de euros sendo que 3.5 milhões são relativos ao mercado internacional.


Quais as suas tarefas diárias e como tem sido este desafio de trabalhar na Adega?

Patrícia Gamelas

O meu grande objetivo é conseguir, anualmente, dar bons números no que corresponde à liquidação das uvas aos nossos associados. O papel da Direção é essencial na gestão da nossa adega uma vez que muitas famílias vivem essencialmente das uvas.

Relativamente ao departamento de Marketing, o objetivo é divulgar o máximo que conseguir esta nossa “ casa “ e as nossas marcas, e mostrar ao mundo a qualidade dos nossos vinhos através da publicidade, escolher os canais de comunicação que nos podem dar mais retorno gerindo um orçamento “baixo “ que é estipulado no inicio de cada ano.

Todo este trabalho é desafiante principalmente quando se obtém bons resultados.

David Rodrigues

As minhas funções diárias na Adega estão diretamente relacionadas com os nossos clientes, pois eles são uma grande parte do sucesso da Adega de Almeirim. Diariamente, analiso e tento responder às necessidades deles e nossas e, em conjunto, tentar levar as marcas da Adega de Almeirim ao sucesso que acredito que elas podem alcançar!

Romeu Gonçalves

As minhas tarefas diárias passam por garantir que a qualidade dos nossos vinhos se mantenha no elevado padrão, a que nos tem habituado.

Fábio Santos

As minhas funções na Adega têm como objetivo contribuir para a satisfação das necessidades sentidas pelos nossos associados no âmbito da sua atividade agrícola. Acompanho o ciclo da cultura da vinha, monitorizando as pragas e as doenças que a afetam, prestando apoio na avaliação da necessidade de aplicar medidas fitossanitárias e no preenchimento dos registos das mesmas. Para além disso, efetuo candidaturas a medidas de apoio para o setor e organizo formação para os nossos associados. A minha experiência na Adega tem sido bastante desafiante e enriquecedora, resultado da possibilidade de trabalhar com mais de uma centena e meia de pessoas, com um objetivo comum, produzir uvas de qualidade.