Fátima Vida da equipa Ciclismo 20 Km Almeirim/Restaurante O Forno sagrou-se no dia 21 janeiro, Campeã Nacional de Pista, nas disciplinas de Scratch e Pontos em Masters 30 Feminina. A atleta do clube almeirinense arrebatou duas Camisolas de Campeã Nacional.
Este resultado, foi um resultado surpreendente ou a Fátima quando partiu para esta competição, já foi com este objetivo?
Posso dizer que foi surpreendente porque, como quem me segue um bocadinho sabe, fui mãe em dezembro de 2021 e depois em outubro 2022, falei com o senhor Alcides para regressar, só para o downhill, na altura, e regressei. Depois, em 2023, andei só a fazer downhill. No final de dezembro de 2023, comecei a fazer uns treinos e pedi ao Sr. Alcides se podia fazer pista e comecei a fazer treinos mais tensos. No meu pensamento,eu ia para me divertir e não sei se ainda sei fazer pista, porque a última prova que fiz foi em 2020 e depois disso, então, não fiz mais pista. Dei tudo de mim, foi surpreendente.
Até porque a Fátima está mais ligada ao enduro, não é a sua praia a pista…
Desde 2017, comecei a fazer pista porque nós somos de Aveiro, não é? Vivemos a 25 km de Sangalhos e, às sextas feiras, íamos fazer uns treinos. O bichinho começou a pegar, aliás, comecei a competir em pista por elite. É uma adrenalina fantástica e não há palavras para descrever. Quem experimenta, por norma, fica a gostar e é uma vertente diferente do enduro e do downhill, mas eu também sou um bocado suspeita porque tudo o que tenha duas rodas, eu gosto de me divertir e competir, sem dúvida nenhuma.
Agora vai dedicar-se mais depois deste sucesso?
Pista no mês de novembro a janeiro, agora sim. O facto de ter ganho as camisolas, agora estou mais incentivada a continuar a fazer uma boa preparação para o Downhill. Por causa da bebé temos que equilibrar as coisas e podemos fazer os dois como é óbvio, e sim, vou continuar a treinar porque quero evoluir e gosto muito de fazer pista, também é uma boa ajuda para a pré- época de downhill.
Como é conciliar a vida familiar, o facto de ter sido mãe há relativamente pouco tempo? A Fátima ainda está a amamentar. Como é que arranja tempo ainda para treinar?
Eu tenho um horário de trabalho fantástico, neste momento, é das 8h às 14h. Saio do trabalho, faço as coisas que tenho a fazer em casa. Neste momento, saio do trabalho, equipo-me e vou treinar, seja corrida, seja bicicleta e depois por volta das 17h, vou buscar a cachopa e depois fico dedicada a ela, mas acho que com a força de vontade e com o tempo bem gerido, conseguimos fazer os treinos e ter a vida familiar. Claro que também, ter o apoio do namorado é fantástico e a parte dele fazer e gostar de ciclismo, acho que é a cereja no topo do bolo.
Um arranque tão bom de 2024, quais é que são, no plano desportivo, os grandes objetivos para este ano?
Para este ano, é fazer a taça de Portugal de Downhill, fazer as provas todas. O objetivo é ser campeã nacional porque no ano passado, infelizmente, na final da descida, tive uma queda, que me fez perder 20 segundos e fez-me perder a camisola. É lutar pelo título, vencer novamente a taça e continuar a treinar assim regularmente. Nos meus objetivos também tenho o campeonato nacional de enduro e gostava muito de fazer e vamos ver se vamos fazer. Já faço enduro desde 2014 e essa camisola ainda não a consegui ganhar, e é um dos objetivos para além do downhill, mas o enduro será só o campeonato nacional.
Como é que alguém que vive em Aveiro que não nasceu, nem residiu no concelho de Almeirim, aparece ligada aos 20 kms?
Em 2017, estava numa equipa, só que sinceramente não me estava a identificar muito com o desenrolar da época, então pedi para sair de uma equipa, e eu e o meu namorado ficámos como individual, mas eu tinha uma equipa que ajudava um bocadito, em Aveiro e estava a fazer provas individuais, vestia o equipamento deles, mas era como individuais, davam-me algum apoio. Entretanto, na altura ainda havia o festival e o senhor Alcides veio falar comigo pelo messenger, ficou o convite e comecei a competir com eles, em 2018. Aqui estou, estou muito bem e estou muito agradecida pelo apoio porque, apesar de ser de santarém, é estar longe a uns quilômetros, mas estar muito perto, sempre que alguma pessoa precisa de alguma coisa, por exemplo eu que sou uma chata, eles estão sempre dispostos a ajudar, e eu estou muito grata por dar apoio à equipa. Ainda ontem, quando estava a receber a camisola, houve um senhor que disse que a equipa de ciclismo de Almeirim tempessoas fantásticas e eu sim, são muito e pronto, foi assim esta pequena história.
Já sente que nesse coração, há aí um bocadinho que é de Almeirim?
Sim, nós podemos não ir muito, mas fico muito contente porque os colegas de equipa recebem-nos muito bem quando vamos ao almoço de equipa e temos pessoas a dar-nos os parabéns “ olha, és uma rapariga guerreira porque és mãe, fazes downhill e não é para toda a gente”, isto basta, força de vontade e divertimos-nos acima de tudo, e o facto de realmente termos uma equipa que nos apoia é meio caminho andado para também estarmos bem e queremos dar bons resultados à equipa, e os patrocinadores também da equipa, sem eles se calhar, eu não estaria a competir.