É com certo sentimento de retração que escrevo estas linhas. Esta minha espécie de retração deve-se ao elevado grau emocional que me prende aos Forcados. Eu só vejo emoção e, é por isso que considero os “Últimos dos Românticos”.
É assim o Forcado. Rege-se pela paixão de pegar toiros. Um herói anónimo de que nem o nome se sabe. Inúmeras vezes, nem mesmo os aficionados, seguidores de corridas, sempre presentes, em praças grandes ou pequenas, “os conhecem”.
Autênticos anónimos, movidos por essa paixão séria e honrosa que se alimenta de adrenalina e que os leva para patamares que a razão não entende. O coração tem razões, que a razão desconhece. Sabemo-lo. E é tão verdade no Forcado!
Numa época em que o desapego social tomou conta dos “valores” que os Forcados defendem – humildade, educação, respeito pelos outros, dedicação e consideração pelos mais velhos, apreço pelo saber – são eles, para além de enormes heróis anónimos, casos isolados na sociedade portuguesa atual. Tal como alguém que não ama, também aquele Forcado não sabe entender porque é que se pegam toiros.
E o romantismo volta a falar mais alto. Entregam-se a essa paixão, por paixão! Só este romantismo feliz, mesmo que os outros não aprovem, não queiram, não gostem, mesmo que os outros ignorem, mesmo que os outros critiquem. Como alguém disse um dia ‘os preconceitos nascem do medo e da ignorância’, os Forcados são também alvo de preconceito. Ainda assim, mantêm a sua determinação, o seu percurso de entrega humilde e ignóbil, sempre na senda do seu amor, da sua paixão, isenta de condições e recompensas.
Sem que a razão o explique. Os Forcados são mesmo os Últimos dos Românticos”, nestes nossos tempos!
Entre Barreiras por A.J. Madureira