João Silva está a festejar duas décadas de atividade na área da Osteopatia. Ao jornal O Almeirinense, abriu as portas do gabinete para explicar como chegou até aqui.
Que significado tem atingir os 20 anos de atividade?
Atingir os 20 anos de profissão é um marco muito significativo na carreira de uma pessoa e, para mim, como osteopata é um marco mesmo muito grande pois são 20 anos a fazer o bem , 20 anos a ajudar pessoas a ter mais saúde, mais qualidade de vida e isso tem um significado gigantesco. Parece que foi ontem que tudo começou e já passaram 20 anos a tratar de dores ciáticas, a colocar os ossos no sitio certo. Este tempo todo representa uma série de etapas, obstáculos, conquistas, realizações pessoais e profissionais bastante marcantes na minha vida e na vida de muitas pessoas que recorreram aos meus serviços. Já imaginaram quantos ossos é que já coloquei no lugar certo ao longo destes 20 anos? A quantidade de crianças que tratei e ajudei para evitarem ter escolioses e má postura e que hoje já são homens e mulheres que me visitam há 20 anos e confiam no meu trabalho? Em 20 anos de trabalho a experiência vai sempre adquirindo um nível substancial de conhecimento e habilidades na minha área de atuação, devido ao número de pessoas e problemas com que se contacta ao longo dos anos. Essa experiência vai permitindo que eu consiga resolver problemas de forma mais eficiente devido à repetição de patologias e troca de informações, quer com pacientes quer com profissionais de saúde que me contactam diariamente e que procuram também os meus serviços. Para mim, é uma fonte de orgulho e satisfação pessoal muito grande.
O que mais destaca neste percurso?
Entre as muitas que me marcaram lembro, com carinho, quando andei a percorrer várias freguesias a fazer tratamentos gratuitamente e que, em determinados sítios, havia filas de pessoas à minha espera com dores e eu não esperava tantas pessoas. Ficava impressionado e o facto de conseguir responder às expectativas e, no fim, receber ainda uns presentes tipo azeite, galinhas e muito carinho. Isso é sempre marcante. Numa situação que estava no Porto e havia um jogo do Porto-Benfica e eu, benfiquista, a querer torcer pelo Benfica, quando o Sr Pinto da Costa me chama para eu fazer uns tratamentos a algumas pessoas e todos me perguntam qual o meu clube. Tudo aquilo num ambiente complicado e eu sem saber o que responder, fiz os tratamentos e respondi que estava no Porto era do Porto, até as pernas tremiam, depois acabei por ficar e ser convidado para fazer as consultas em direto no programa consultório do Porto Canal. Quando tive de ir ao Estádio da Luz fazer um tratamento a um jogador num dia de jogo também foi marcante. Muitas coisas foram marcantes e algumas cómicas ao mesmo tempo, quando fui chamado para fazer uma correção de uma vértebra a um apresentador que estava a fazer um programa em direto e tinha de fazer o tratamento em cima de uma mesa no estúdio e as câmaras não podiam filmar, foi uma situação incrível. Mas as mais marcantes foram as pessoas que eu já salvei e de situações que nem dá para explicar, mas que ficam para sempre nas nossas memórias e no nosso registo como pessoas.
Quais as principais etapas que teve de ultrapassar?
Foram muitas etapas complicadas e bastante desafiantes mas bastante interessante. No início, as pessoas desconheciam por completo o que era a osteopatia ou quiroprática e tive de me esforçar muito para explicar como se dizia osteopatia, para que servia e quais as técnicas que eram utilizadas, sem medicação, para quem se destinava e quais o verdadeiros benefícios. Isso foi complicado, mas valeu a pena. Eu fui dos que lutaram e fizeram muito para que, hoje, as pessoas saibam o que é um osteopata. Também fui dos pioneiros e a lutar para que a osteopatia fosse reconhecida pelo governo e que se pudesse fazer uma licenciatura em Portugal com um grau académico devidamente reconhecido. Não foi fácil mas ganhámos essa luta e, hoje em dia, já existe licenciatura. Para isso, fizemos várias formações especificas em que apenas 20 pessoas estiveram incluídas nesse processo. Tivemos também de demonstrar aos médicos e muitos especialistas que as nossas técnicas manuais de tratamento e de diagnóstico tinham resultados e, hoje em dia, já podemos dizer que toda a classe médica e vários especialistas já se renderam às nossas técnicas, e hoje em dia, tenho muitos clientes médicos de todas as especialidades e trocamos, inclusive, opiniões sobre algumas patologias e isso é muito gratificante para mim hoje em dia, ver e sentir que procuram os meus serviços e que saem do meu consultório melhores e mais felizes .
Deixe-me recuar mais. Como surgiu o interesse por esta área?
O interesse por esta área surgiu quando eu tinha 23 anos de idade, após ter tido um acidente de automóvel em que o carro capotou e acabei por ficar com várias hérnias discais na minha coluna cervical e com alguns compromissos em certas raízes nervosas com irradiação para os braços e mãos, ficando com dormências nas mãos e dores de cabeça e tive de ser seguido por vários especialistas na área médica convencional, mas nada resultava e a única opção seria fazer cirurgia mas, devido a localização das hérnias discais com compromisso e contacto com a medula, a cirurgia tinha vários riscos associados e nenhum médico estava convencido que era possível fazer sem consequências muito graves, Seguiram-se tratamentos de fisioterapia e medicação mas nada resultava até que alguém me recomendou falar com um senhor que fazia técnicas de osteopatia e que poderia ajudar-me. Fui a essa consulta e após duas sessões eu já me sentia um jovem de 23 anos novamente. Essas técnicas devolveram-me a vida e acabei por ir estudar mais sobre esse tema, que até essa altura, nem sabia que existia. O osteopata que me fez os tratamentos acabou por vir a ser, mais tarde, o meu professor e meu mentor, quanto mais estudava as técnicas manuais mais apaixonado eu ficava porque ter o poder de tratar as pessoas só com as mãos era algo que me deixava impressionado e tinha alguma facilidade em perceber o toque, a sensibilidade de sentir onde estava a inflamação e onde deveria pressionar, e acabei por virar osteopata, mas após alguns anos de estudo. Hoje em dia, tenho muito orgulho por ter seguido esta profissão e acabei por casar com uma osteopata que é a Dra Marina Silva, uma osteopata maravilhosa que me vai fazendo os tratamento que terei de fazer uma vez por mês, porque também eu faço tratamentos mensais de forma a manter o meu corpo em harmonia e em perfeito funcionamento.
Acredita que tem um dom?
Não, eu sou osteopata e um osteopata não possui um “dom especial”. A osteopatia é uma abordagem terapêutica baseada em conhecimentos científicos, que utiliza técnicas manuais para tratar problemas de saúde e promover o bem-estar. Eu sou um profissional de saúde especializado e treinado em medicina osteopática, que envolve o estudo aprofundado da anatomia, fisiologia e biomecânica do corpo humano. Utilizo as minhas habilidades e conhecimentos para avaliar e tratar distúrbios músculo-esqueléticos e problemas relacionados, com o objetivo de restaurar o equilíbrio e a função do corpo. Aplico técnicas manuais como manipulação articular, mobilização, alongamento, massagem e outros métodos para ajudar a aliviar dores, melhorar a circulação sanguínea e linfática, promover a cura e melhorar a função geral do corpo. Embora a osteopatia seja uma abordagem terapêutica holística e baseada no toque terapêutico, as minhas habilidades são adquiridas por meio de educação, treinamento e experiência clínica. Não há um dom especial envolvido, no máximo um toque ou dedicação especial. Algumas pessoas acreditam que possuo habilidades ou capacidades além do comum, como a intuição ou a sensibilidade para perceber coisas que outras não estão conscientes, muitas pessoas dizem, diariamente, que eu tenho um Dom especial e que minhas mãos transmitem um certo calor ou energia e que se sentem melhor e eu acho isso bom e interessante. Sinto-me lisonjeado mas não posso dizer que tenho um dom, o que posso dizer é que faço o meu trabalho com muito amor e tudo o que faço na minha vida é com todo o meu amor e dedicação possível, e estou sempre disponível para ajudar a fazer o bem.
Quais as áreas em que se sente melhor preparado?
Tecnicamente, estou preparado para todas as áreas musculu-esqueleticas, mas existem áreas que eu gosto mais e que, por motivos pessoais, acabei por me especializar mais, como é o caso dos problemas da hérnias discais e problemas da coluna cervical. Devido ao meu problema acabei por estudar mais e conheço todos os sintomas na primeira pessoa e sei exatamente o que fazer ou o que não se deve fazer no pescoço, mas também na área da coluna lombar. As dores ciáticas são outra das minhas especialidades em que tenho bons resultados e, como é uma patologia que afeta muitas pessoas, acabei por me dedicar muito a esse tema e conseguir, de forma segura, evitar que muitas pessoas fiquem acamadas ou que tenham de fazer cirurgia, ou que percam seus empregos devido às dores que as impossibilitam de caminhar. Também tenho bons resultados nos joelhos, é outra região do corpo que acontece uma tíbia anteriorizada ou um perónio em luxação ou os problemas das artroses que inflamam e impossibilitam os movimentos, e nem deixam dormir de noite. Tenho resultados muito bons nessa área. E depois temos os ombros e suas famosas tendinites que, por norma, são situações que acontecem em variadas circunstâncias em que os meus resultados também, por norma, são muito bons. Por isso, se tiver dores nas articulações, dores lombares, dores de cabeça ou dormências nas mãos, dores ciáticas, hérnias discais, tendinites, má postura ou, inclusive, rigidez muscular pode visitar-me que terei muito gosto em ajudar.
São recorrentes as presenças na Televisão. É o reconhecimento?
Participar em programas de televisão como o osteopata João Silva de Almeirim pode ser considerado um reconhecimento profissional de certa forma e fico muito feliz por me convidarem, por vezes, a esses programas de divulgação e para explicar quais as técnicas que utilizo para dar mais qualidade de vida aos que me procuram. E como tenho várias figuras públicas e artistas que têm bons resultados com o meu trabalho, por vezes acabo por ser convidado para fazer um trabalho em direto e acabo por ser colocado à prova para demonstrar o meu conhecimento, experiência e habilidades clínicas em direto o que, para além de ser muito desafiante, pode ser transformado num reconhecimento profissional, no sentido que nos dão a oportunidade de mostrar o que fazemos e de demonstrar as nossas competências. Mas, o verdadeiro reconhecimento é aquele abraço que os pacientes me dão, com aquele sorriso e o olhar brilhante nos olhos de satisfação de poderem retomar as suas vidas e de não terem as dores agudas que os impossibilitavam de andar. É aquele obrigado que nos dizem, por vezes, com a lágrima nos olhos por terem ficado sem dores quando já não acreditavam que seria possível. Isso é o verdadeiro reconhecimento que não tem preço.