Tiago Lopes, tem 32 anos, é um jovem artesão que se dedica ao fabrico e venda de ferramentas de corte, também conhecido por cuteleiro. A oficina está em Almeirim e as facas já chegaram ao Hawai.
Como é que percebeu que podia seguir este caminho?
Desde pequeno que acompanhei o crescimento da empresa de metalomecânica dos meus pais, e era um fascínio ver a transformação que se consegue fazer com os aços, a maquinaria, as ferramentas, e a precisão e perfeição na maquinação de peças feitas ao milímetro e com acabamentos de excelência. Após concluir o 12º ano, no curso de Mecatrónica, fui trabalhar para a empresa e aprendi a trabalhar com as máquinas, o que acabou por se tornar numa paixão. O único complemento que não existia na empresa era a vertente de temperar os aços. Decidi então, em 2017, estudar e testar, por conta própria, a têmpera de vários aços. Com isto, cheguei à conclusão que não haveria melhor exemplar para testar uma têmpera do que com lâminas, que requerem têmperas especializadas para o seu melhor desempenho. Com os conhecimentos de metalomecânica, desenvolvi e construí as primeiras máquinas, a primeira forja e fiz variadíssimos testes durante, sensivelmente, um ano, até decidir começar a comercializar.
O pai terá tido aqui influência?!
Obviamente que sim! Foi ele que me deu a conhecer o que é a área da metalomecânica em si, que muita gente não sabia bem o que era na altura, pois tinham a ideia que eram apenas meros trabalhos de serralharia, o que não é verdade, é muito mais do que isso. Se assim não fosse, dúvido que tivesse vindo a descobrir esta paixão que está, em todo o modo, relacionado. É na mesma a transformação do aço, de facas com acabamentos de precisão e têmperas de excelência com matéria prima de alta gama.
Mas como tem sido o processo e o percurso até chegar aqui?
Ponderado! Um passo de cada vez. Não estamos a falar de uma grande indústria quando se trata da produção de facas artesanais, que são personalizadas, que requerem um processo de fabrico diferentes e cuidados, o que leva o seu tempo a fabricar. Já são seis anos a fazer facas artesanais e a evolução e expansão têm sido lentas, mas felizmente, constantes.
Como se estabelece em Almeirim?
No final de 2019, mudei-me para Almeirim, e acabei por trazer algumas máquinas comigo para continuar a fabricar facas, pois continuava com encomendas e a desenvolver os meus projetos pessoais.
Hoje em dia há facas suas já por todo o mundo?
Algumas. A maior parte das facas que vendo ficam no nosso país, com cozinheiros, Chefs de cozinha e colecionadores. É um nicho pequeno que me dá a possibilidade de manter o contato e feedback próximo dos clientes. Mas já exportei para alguns países do mundo. Atualmente, a faca que expedi para mais longe encontra-se no Hawaii.
Trabalha sozinho? Há perspetivas de crescer?
Sim, trabalho sozinho. Existe sempre a possibilidade de se crescer em qualquer negócio ou arte quando se trabalha com paixão, esforço e dedicação. Tanto o negócio, como o produto final, tem melhorado bastante ao longo destes seis anos.
Aceita encomendas ?
Sim. Aceito encomendas, seja com desenhos meus ou personalizadas ao gosto do cliente, sendo que todas as minhas peças são únicas, não repetíveis, acompanhadas com certificado de autenticidade, exclusivas a cada cliente por cada peça.
Até por exemplo para o Natal?
Aceito. Aliás, já estou com encomendas para este Natal, não restam muitas vagas para encerrar o ano.