Almeirim sempre foi “vila” de tradições taurinas, e o facto de estar situada no centro do Ribatejo, na sua vasta planície, muito contribuiu para a criação de gado bravo de origem portuguesa.
Daí se conclui que, nas corridas de toiros da época, tinha de haver colhidas graves dos toureiros para gáudio do público.
É de interesse saber que, toiros foram lidados no páteo do Deodato Pisco, terreno onde hoje existe o CRIAL e terrenos adjacentes. Nessa época, os toiros não eram embolados, podendo existir uma cornada com gravidade, tendo nesse local sido colhido mortalmente um almeirinense de nome António Felício.
Daí que o Ribatejo tenha sido uma zona de eleição para a fixação de criação de gado bravo e, obviamente, Almeirim e suas terras limítrofes tenham albergado, num passado remoto, várias ganadarias bravas.
Nesta região, já no processo de seleção de toiro de lide, pastavam os efetivos do Barão de Almeirim, do Dr. Manuel Caroça (hoje Alorna) e do Conde de Sobral (hoje Casal Branco), Conde de Atalaya, entre muitos outros.
Entretanto, a valorização das terras de cultura, levou ao aproveitamento de terrenos de inferior qualidade, levou a que muitos dos criadores de Almeirim, fizessem a transumância dos seus efetivos de gado bravo, para outras zonas, tais como as ganadarias, já extintas, de Andrade e Irmão, D. João de Mascarenhas, Dr. José Manuel Andrade, (1) Dª Manuela Andrade Salgueiro, Hº’s do Engº Ruy Gonçalves e Manuel António Lopo de Carvalho ou ainda as atuais de Prudêncio Silva Santos (hoje Casa Prudêncio), família Lobo de Vasconcelos (ganadaria São Marcos) e Francisco Lobo Vasconcelos (ganadaria Santa Maria).
Em suma, Almeirim marcou e marca profundamente a tauromaquia nacional, através da paixão e afición de alguns homens que, pela casta, bravura e nobreza dos seus produtos, perpetuam esse espetáculo ímpar de arte e emoção.
(1) Esposa do Dr Fernando Salgueiro, mãe de Fernando Andrade Salgueiro avó de João Salgueiro e bisavó de João Salgueiro da Costa.