Portugal foi, durante décadas, um dos países europeus que viu partir para o estrangeiro parte importante da sua população em idade ativa. Foi assim que milhares e milhares de portugueses emigraram para outros continentes, mas, a maioria, nos anos sessenta e setenta, deram o “salto” para os países mais desenvolvidos da Europa: a França, a Alemanha, a Suíça…
E esses portugueses emigrantes partiram porquê? Para fugirem à miséria endémica, à fome, à opressão e falta de liberdade vividas no Portugal de então.
Partiram e foram sujeitos, nos tais países mais civilizados e desenvolvidos, a todo o tipo de descriminações e estigmas: mal recebidos, olhados de lado e marginalizados socialmente pelas populações locais. Se alguns não resistiram a tantas provações e voltaram ou procuraram outros destinos, a maioria persistiu, comeu o pão que o diabo amassou, e acabou por vencer, integrando-se aos poucos – por vezes só na geração seguinte – nos novos países de acolhimento. Enviaram dinheiro para ajudar a família que cá ficara e puderam criar os filhos com condições materiais, educativas e de liberdade que cá nunca conseguiriam. Muitos atingiram mesmo posições importantes, a maioria contribuiu fortemente para a economia e desenvolvimento desses países e fazem parte da sua história.
Hoje Portugal, de país de emigrantes, passou a destino de imigração, mas parece que, nestes estranhos tempos em que vivemos, a História é lugar de esquecimento.
As manifestações de xenofobia que vieram a público após uma rixa entre imigrantes asiáticos em Almeirim, que só cá estão porque não há portugueses para, ou que queiram, fazer o trabalho que eles fazem, envergonha uma sociedade que se pretende tolerante, fraterna, solidária e humanista.
Gustavo Costa – PS Almeirim