Em Brasília, a recente invasão, destruição e pilhagem da sede do governo que o povo legitimou (presidência, congresso e supremo tribunal), não é só um problema brasileiro, mas universal, porque deve preocupar todos os democratas do mundo. D
ois anos antes, e após quatro anos a minar as instituições democráticas, o trumpismo derrotado mostrou a sua verdadeira face com a invasão do Capitólio. O que na altura se passou na mais forte democracia do mundo, por inimaginável, espantou todos. Conjuntamente com o drama do vírus da covid, também o vírus do trumpismo tinha vindo para ficar e também se espalhou por todo o lado, com a diferença que, enquanto a covid atacou o corpo, o trumpismo atacou a mente. E os mais debilitados foram os mais atacados. Os mais debilitados de saúde e os mais debilitados intelectualmente. Estes, porque a sua doutrina assenta em pressupostos básicos tais como, aproveitar-se da democracia para a destruir, confundir os interesses do povo com os seus interesses e argumentar, baseando-se na força bruta, em vez da força do debate e do confronto de ideias.
Infelizmente, o que aconteceu neste início de ano, em Brasília, vai repetir-se por outras partes do globo, principalmente nas sociedades com democracias mais incipientes, mas, mesmo as aparentemente mais fortes, não estão a salvo. Aquilo que a Democracia menos sabe fazer é defender-se. Defender-se como? Reinventando-se constantemente na procura de soluções para os muitos problemas que a afetam, mas também construir quadros jurídicos e penais mais penalizadores para quem atenta contra ela. Ser intransigente na defesa da Democracia não pode ser considerado antidemocrático.
Gustavo Costa – PS Almeirim