Terminada a campanha de 2022, o Jornal O ALMEIRINENSE foi visitar a Adega Cooperativa de Almeirim e conversar com o Presidente. Manuel Gabirra foi, orgulhosamente, fazer uma visita guiada ao espaço e conversar sobre a atualidade, o aumento de preços que assusta mas espera que, uma vez mais, se consiga ultrapassar este momento. Atualmente há 170 produtores que têm grande envergadura e que produzem bastante.
Manuel Gabirra, como correu a campanha do último ano?
Como Presidente da Adega, considero que a campanha correu muitíssimo bem. Os terrenos na nossa zona são maravilhosos, são terrenos de produção e há água para regar e podemos considerar que a colheita foi muito boa.
Quer em quantidade quer em qualidade?
Sim, em termos de quantidade foi idêntico ao ano passado. Houve um pequeno senão, porque tivemos mais vinha e entrada de projetos que se fazem e quebra um pouco a média do ano anterior. O grau da uva branca foi um pouco menos, devido às temperaturas. No início da campanha, as uvas não tinham o grau que precisávamos, mas depois subiu. Como a nossa adega vive de vinhos leves, com menos grau, nós conseguimos concertar e as coisas correram bem.
Quantos milhões de litros?
Estamos a falar de 23, 24 milhões de quilogramas e aproximadamente 20 milhões de litros.
Este número permite estar no top?
Somos a Adega que mais produz a nível nacional, equiparada com a Adega São Mamede da Ventosa (em Torres Vedras).
O país, a europa e o mundo vivem com constantes aumentos de preços nas matérias-primas e energia. Ainda durante a nossa conversa, soube que o vidro ia aumentar três cêntimos por garrafa.
É verdade, soube por mail que as garrafas aumentam três cêntimos a partir de 1 de novembro. Não sabemos como vamos suportar estes aumentos porque isto vai cair em cima da liquidação e o sócio acaba por receber menos. Na eletricidade, os custos também aumentaram muito. Estamos a terminar o projeto dos painéis solares e esperamos amortizar o aumento em parte, mas até lá… A questão central é que ninguém consegue prever onde é que estes aumentos vão parar. Nós temos dificuldade em aumentar o preço dos vinhos nas grandes superfícies e não tenho boas perspetivas para a resolução desta situação.
Está preocupado?
Estou, já estou na Adega Cooperativa de Almeirim há muitos anos e há sempre uma porta de saída, mas com estes entraves, nomeadamente o aumento de preços, pode depois não compensar … e vai ser uma dificuldade grande.
Os pagamentos aos sócios têm corrido dentro do normal?
Está a correr bem e as nossas expectativas é que seja para continuar. Vamos ver qual é o resultado final destes aumentos, principalmente da eletricidade e no vidro, porque temos os outros custos, que nós conseguimos equilibrar. Os produtos químicos também têm impacto grande, mas conseguimos controlar. Os problemas maiores estão no vidro e na eletricidade.
A falta de água é outra preocupação grande. No campo ainda existem formas de regar, mas na Charneca o problema é maior. Está apreensivo?
Sim, estou preocupado. Até posso dar o meu exemplo: tenho um furo que secou. Tive que ir tirar licenças para outro furo mais profundo e ainda não foram passadas. Não vão existir, tão depressa, autorizações para fazer furos. Na Charneca, a falta de água nas vinhas compromete muito a produção, podendo comprometer em 60% a produção. Uma vinha na Charneca, que não é regada, dá menos de metade das uvas.
Apesar de alguns problemas, acredita que 2023 pode ser um ano relativamente bom?
Tenho essas ideias e essas expectativas, as vinhas estão muito bem preparadas para dar produção … Que a guerra acabe o mais rapidamente possível, porque estamos todos a sofrer com isso. É a minha ideia e é o que eu peço que aconteça.
Na exportação, nos últimos tempos surgiram boas notícias?
Sim, temos números interessantes e expectativas de aumentar. Começa uma exportação na Lituânia, estando numa zona de algum perigo. Se vingar, vai ser uma mais-valia para a Adega Cooperativa de Almeirim.