Na maior parte do globo, a interrupção da gravidez era ilegal até à segunda metade do século XX. Na década de 50 inicia-se o processo de introdução de legislação destinada a permitir a interrupção da gravidez em condições seguras, procurando dar resposta à clara perceção de que o aborto inseguro e clandestino representa um risco para a saúde das mulheres, provocando em muitos casos a sua morte.
Na semana passada o país com a maior economia do mundo decidiu regressar à idade média, num acórdão conversador e reacionário, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América revogou a norma histórica que instituía o direito ao aborto naquele país – Roe v. Wade. Permitindo a vários estados norte-americanos a introdução de leis que proíbem o aborto, sujeitando as mulheres que interrompem uma gravidez indesejada a um procedimento desumano, sem condições, com riscos para a sua saúde e promotoras de desigualdades sociais, uma vez que penaliza as mulheres com menos recursos económicos de recorrer a uma intervenção em segurança noutro estado ou país, acabando por cair nas redes de exploração do aborto e alimentando a economia paralela da teia do aborto clandestino.
Que nos sirva de lição: o progresso nunca é garantido, precisa do teu voto.
João Pedro Rabita, PS Almeirim, publicado na edição de 1 de julho.