Movimento Palco surgiu depois da criação de um grupo de jovens que tem uma grande paixão pela música. João Gasopo, mentor deste projeto, conta a história deste projeto e desvenda algumas ideias para o futuro.
João, como surgiu o gosto pela música?
O gosto pela música surgiu desde muito cedo, na escola, e pela mão do Professor José Manuel Campos Silva, que na altura acabou por reunir um grupo de alunos que acabavam por animar as festas do Agrupamento de Escolas que frequentei, em Fazendas de Almeirim. Mais tarde, foram surgindo outros convites e acabei por ingressar no Orfeão de Almeirim. Foi aí que acabei por integrar primeiro o Coro Juvenil e, mais tarde, o Grupo Coral Adulto e também o Grupo de Cavaquinhos.
Antes mesmo surgiu o teatro?!
É verdade! Também na escola sempre me envolvi nos projetos de teatro e cheguei mesmo a integrar o grupo de teatro “A bem D’zer” (da escola de Fazendas de Almeirim), mas também o grupo de Teatro Amador da Banda Marcial de Almeirim – os “Narizes Perfeitos”. Depois, com o Ensino Secundário e a Faculdade, acabei por me afastar um bocadinho mas voltaram a “puxar-me” para estas lides agora com a Associação Movimento Palco, em especial com o Grupo “Dreamers”.
Qual foi o primeiro instrumento?
O primeiro instrumento foi a guitarra clássica, ainda nas aulas de Educação Musical!
E a primeira atuação?
A primeira atuação foi no Cine-Teatro, um Concerto Solidário de Tributo ao Carlos Paião.
Como é que se foi tornando uma coisa mais séria?
Foram surgindo depois alguns convites das pessoas que gostavam de nos ouvir cantar. No que me diz respeito, e como também desde cedo me juntei ao Orfeão, a coisa foi-se tornando mais séria aí, uma vez que estamos com um grupo de pessoas e aí canta-se como um todo, o que acaba por acarretar uma responsabilidade acrescida.
Foi logo com a formação dos Five Vox? Mas são sete ?!
Os FiveVox surgem, na verdade, de um desafio que me foi lançado no Natal de 2019, em que me procuraram, no sentido de ajudar quatro jovens a escolher algumas músicas de Natal para que as pudessem cantar no Mercadinho de Natal, que tem acontecido na Praça Lourenço de Carvalho nos últimos anos. Desse concerto e de outro que aconteceu em Fazendas de Almeirim, começaram a surgir cada vez mais convites e foi aí que o projeto se tornou mais sério. O nome do grupo surge porque falamos da conjugação de cinco vozes, embora o grupo conte com mais três elementos, uma guitarrista, um baixista e um baterista!
Antes ainda chegaram a ser Four?!
Sim, no início da formação éramos apenas quatro vozes,
a Filipa Canavilhas, a Inês Policarpo, a Leonor Cardeta e o João Filipe, acompanhados por mim, no baixo, e pela Inês Fidalgo na guitarra. Mais tarde, encontrámos uma voz mais jovem, a nossa Carlota Santos, depois um talento escondido que acompanhou todos os nossos concertos desde o início, o Diogo Castelo, que é o nosso baterista e, muito recentemente, a Carolina Florêncio que veio substituir uma das vozes.
Quais são os vossos parceiros?
Felizmente contámos sempre com o apoio de diversas entidades que acreditaram, em primeiro lugar, nestes jovens, e depois na sua capacidade de trabalho e de carregar orgulhosamente o nome do nosso concelho em cada concerto que fazem! E por isso aproveito para, publicamente, agradecer à Direção da MovAlmeirim, ao Município de Almeirim, ao próprio jornal O Almeirinense que, ao longo da pandemia, foi aceitando os inúmeros desafios de transmitir em direto os concertos do grupo. E um especial agradecimento à Helena Fidalgo, da Óptica Vanessa, que é a madrinha do nosso grupo!
Têm como objetivo um dia fazerem algum trabalho vosso?
Os FiveVox têm algumas surpresas preparadas e que estão neste momento a ser trabalhadas! Estou certo de que, logo que tenhamos possibilidade, vamos apresentar alguns trabalhos nossos, escritos e compostos por membros do nosso grupo!
Com idades tão diferentes, como conciliam os gostos musicais tão diversos?
Pode não parecer fácil, mas é até uma tarefa bastante simples! Acima de tudo somos um grupo de amigos, e por isso existe o respeito pelo outro e pelos gostos musicais de cada um!
Que tipo de música apresentam?
Apresentamos vários estilos de música em português e noutras línguas (já cantámos músicas italianas, francesas, inglesas…). Gostamos de surpreender o público, mas também de trazer músicas que gostamos de cantar e que temos a certeza que o público gostará de ouvir.
Como é o processo da escolha até se ouvir a música pelas vossas vozes?
Cada um dos cantores escolhe as músicas em que se sente mais confortável, traz essa música para o ensaio e avaliamos se se enquadra nas escolhas musicais do projeto que estamos a preparar. Por vezes, nós, músicos, também damos algumas sugestões.
Com que regularidade ensaiam?
O grupo ensaia, atualmente, uma vez por semana.
Os elementos do grupo conseguem conciliar também o bom desempenho escolar?
Essa é uma condição essencial para fazerem parte do grupo! Tento acompanhar a vida escolar de cada um e perceber as dificuldades que vão sentindo. Apesar da diferença de idades, mas com a vantagem da boa relação que tenho com cada um dos elementos, acabo por conseguir compreendê-los e ajudá-los a trilhar o seu caminho, afinal de contas a música é um hobbie para nós e a formação é essencial!
O João quer ser juiz. Em que fase desta formação está?
Tendo concluído a Licenciatura e a parte letiva de um Mestrado em Direito, optei por ter um primeiro contacto com os tribunais pelo estágio da Ordem dos Advogados. Estou, por isso, atualmente a estagiar num escritório de advogados.
De onde vem esta vontade e este objetivo?
Embora seja um verdadeiro cliché, desde sempre que me lembro de dizer que quereria licenciar-me em Direito e poder defender aqueles que eram vítimas de injustiças. Também por isso me liguei ao voluntariado no Ensino Secundário e defendi firmemente as minhas convicções, não me ficando por uma mera resposta sem justificações. Mas também não acredito que um bom juiz o possa ser pela mera experiência académica, é preciso levar um “banho de realidade”. É por isso que pretendo exercer, primeiro advocacia, e um dia, quando me sentir preparado para tal, concorrer à magistratura.
Quando aí chegar, não vai deixar este projeto? É conciliável?
Não consigo prever o futuro, mas tenho a certeza de que se tiver de me afastar por algum motivo, nunca deixarei de apoiar o grupo no que for necessário. Mas penso que temos de ter a consciência de que um grupo só pode evoluir quando há espaço para outros tomarem o nosso lugar, e tenho a certeza de que quando esse dia chegar, quem assumir o comando dos FiveVox estará muito bem preparado para o fazer!
Como surgiu a formação da Associação ?
O Movimento Palco surge por diversas razões: em primeiro lugar, porque, tanto os Dreamers como os FiveVox foram desenvolvendo uma série de atividades enquanto grupos informais, e houve a necessidade de criar uma estrutura organizada em que pudéssemos articular esforços e meios humanos; depois, porque achámos que faltava em Almeirim uma associação cultural com rostos e ideias novas, é também por isso que somos uma associação juvenil.
Quais os objetivos ?
O principal objetivo é trazer para a nossa associação os jovens do concelho que gostem das artes performativas e dar-lhes um palco onde possam mostrar as suas capacidades, onde se possam divertir, criar novas amizades e, acima de tudo, que façam uma atividade de que gostem verdadeiramente! Depois, pretendemos incutir nestes jovens os valores e a importância do associativismo. Num concelho onde temos várias associações é fundamental que se prepare a renovação das pessoas que as comandam!