Da última vez que escrevi neste espaço começou a invasão da Rússia na Ucrânia, infelizmente esta não só não terminou como escalou como nós não imaginávamos. Numa altura em que as tropas russas chegaram a um impasse, viraram-se para o ataque indiscriminado e deliberado a civis, sejam homens, mulheres e até crianças. Hospitais, maternidades, estações ferroviárias e abrigos de refugiados foram alvo do regime russo com o intuito de tentar ganhar a guerra pela via da desistência através do medo. Com o recuar do exército russo, assistimos aos rastos dos crimes de guerra que estes praticaram por onde passaram: populações dizimadas, mulheres e crianças violadas, pessoas abatidas com as mãos atadas, enterradas em valas comuns ou simplesmente deixadas a apodrecer em céu aberto. Tudo isto é negado pela Rússia acusando, espante-se, os próprios ucranianos de encenarem estes horrores e de serem também os responsáveis dos bombardeamentos dos locais anteriores.
Por cá, tal como mencionei da última vez, o Partido Comunista Português tem deixado muito a desejar a todos os portugueses e, principalmente, aos seus eleitores. A cor política de quem pratica estes actos deixa de existir, seja extrema-esquerda seja extrema-direita, barbaridade e cobardia serão sempre barbaridade e cobardia. O PCP tem tido demasiada dificuldade em se desmarcar de uma vez por todas dos seus homónimos de regimes comunistas, não conseguindo estar ao lado de todos os outros partidos (e portugueses) no que diz respeito à condenação da Rússia, tendo agora votado contra a possibilidade do presidente ucraniano Zelensky discursar no parlamento.
A justificação atrapalhada para o voto contra é que esta sessão solene contraria o papel da assembleia da república da defesa da paz e que a mesma não deve contribuir para a confrontação e para o conflito. Enquanto militante do CDS nunca pensei dizer isto: ainda bem que o PS está no poder, se estivesse o PCP já sabem de que lado os nossos filhos iriam combater.
Artigo de João Rosa, CDS Almeirim