A ansiedade e o medo nas consultas de Medicina Dentária constituem um
problema de Saúde Pública com grande impacto na qualidade de vida da
população afetada.
Esta problemática tem origem em factores variados, tais como: a idade, o
sexo, o nível de instrução e experiências traumáticas prévias.
A prevalência de pacientes ansiosos, com saúde oral deficiente, origina não só
um problema para o doente como para o Médico Dentista, com reflexos na
sociedade em geral. Uma vez que as doenças orais condicionam a saúde
geral dos indivíduos.
Assim, cabe ao Médico Dentista intervir, utilizando técnicas de controlo do
medo e ansiedade que proporcionem maior tranquilidade durante a consulta.
Permitindo uma melhor cooperação por parte do paciente ansioso, levando a
uma maior eficácia dos tratamentos dentários.
De que forma pode o Médico Dentista ajudar os seus pacientes no controlo do medo e ansiedade?
Médico Dentista pode ajudar os seus pacientes a gerir e controlar a ansiedade
de várias formas:
Preferencialmente opta-se por técnicas básicas de relaxamento e distração
(através das quais se altera o foco de atenção do paciente da causas da sua
ansiedade). Estas técnicas, simples e de baixo custo, requerem maior
colaboração da parte dos pacientes.
Quando ainda assim se verificam dificuldades em cooperar durante os
procedimentos dentários, temos de recorrer a meios de controlo um pouco
mais avançados. Nos quais se destacam os métodos farmacológicos.
Quais os métodos farmacológicos mais eficazes no controlo da dor e ansiedade?
Os fármacos mais utilizados são as benzodiazepinas, usados essencialmente
por via oral, e a sedação consciente com protóxido de azoto, usada por via
inalatória. Na sedação consciente, ao contrário dos fármacos atrás referidos, a
acção não se prolonga após o fim da consulta. Sendo por este motivo e pela
reduzida probabilidade ocorrência de efeitos adversos, o método
farmacológico de eleição.
Como atua a sedação consciente com protóxido de azoto?
Através da inalação de uma mistura de protóxido de azoto e oxigénio, ocorre
uma diminuição do estado de consciência que é induzida de forma controlada.
Esta técnica é segura e não invasiva, com rápido início de acção.
O paciente mantém-se consciente e cooperante durante a consulta, sendo
capaz de responder a estímulos físicos e verbais, o que facilita a realização do
tratamento em condições de segurança.
O efeito é revertido de forma fácil e rápida após os procedimentos dentários,
permitindo a retoma das atividades diárias logo após a consulta.
A sedação consciente substitui a necessidade de anestesia local?
Não. No entanto, como deixa o paciente mais tranquilo e relaxado, a
percepção de dor está reduzida.
Para quem está indicada a sedação consciente?
Este método pode ser utilizado em adultos e crianças (desde que aceitem a
máscara nasal) com ansiedade média/ moderada, com fobia de agulhas e
com reflexo de vómito acentuado.
Quais as contrai-indicações?
Não se pode utilizar a sedação consciente quando o nariz está obstruído( uma
vez que a técnica se realiza por inalação).
É ainda contra-indicada durante a gravidez, em pacientes sob tratamento
psiquiátrico, consumidores de drogas/álcool e indivíduos claustrofóbicos.
Quais as vantagens?
Técnica de controlo da ansiedade simples, rápida, recomendada a todas as
faixas etárias, com início de acção rápido, fácil de reverter e que não vicia.
Não é necessário jejum prévio.
Quais as desvantagens?
Não permite controlar a ansiedade severa e é necessário algum grau de
cooperação.
Tem um custo moderado, associado ao equipamento e à sua manutenção.
Joana Neves
Médica Dentista, com formação complementar em sedação consciente, odontopediatria, periondontologia e patologia oral.