DESPEDIDA Sónia Colaço despediu-se no dia 4 de outubro do executivo, após oito anos na Câmara Municipal de Almeirim. Sónia Colaço explicou ao Jornal O Almeirinense do que ia ter mais saudades e os conselhos que deu a Beatriz Apolinário, a nova vereadora da CDU na Câmara.
Sónia, com que sentimento é que hoje termina aqui este ciclo?
Com o sentimento do dever cumprido em prol dos almeirinenses e daquilo que achamos que é também o poder local democrático e a democracia. A participação da CDU é rica em intervenções pontuais, dos próprios documentos que nos apresentam, fomos sempre levantando questões, fizemos propostas alternativas e deixei aqui alguns exemplos, nomeadamente a construção do Canil e Gatil, que só́ nos pode também deixar satisfeitos e orgulhosos, que são equipamentos que também faziam falta ao concelho e, portanto, a CDU continua a ser uma força importante em Almeirim.
Acha que não foi só́ uma oposição daquela que diz sempre “não” a tudo e não apresenta sequer ideias e soluções?
A CDU, ao longo de todos os anos, quando dizemos que não, fundamentamos porquê. Temos propostas alternativas e outras que fomos apresentando; nem todas passaram, tal como aqui foi dito, é verdade. Nem todas as propostas que apresentávamos aqui foram passadas, havia uma maioria do Partido Socialista (PS), portanto, nem sempre foram ao encontro, mas aquelas que tinham viabilidade para andar também foram aprovadas e, portanto, continuamos a ser uma voz que diz que “não” quando achamos que, efetivamente, não é para melhor; são projetos que não trazem melhoria nenhuma, e estou a recordar-me, por exemplo, da situação do Jardim da Republica, que não iria trazer na nossa opinião nada de bem, portanto manifestámos logo essa opinião contra. E por isso, quando somos contra, justificamos e quando somos a favor também damos o nosso “ok”.
O que é que a marcou mais nestes oito anos?
É um ritmo muito acelerado. São reuniões mais constantes e isso obriga- -nos a estar mais permanentemente em contacto com a vida do concelho de Almeirim e das suas freguesias, com as coletividades, com as associações. O coletivo da CDU foi mudando esse apoio, essa estrutura de trabalho. Apesar de eu trabalhar em Lisboa, portanto, ter de conciliar tudo isto, foi, efetivamente, um ritmo mais exigente, mas foi muito agradável. É muito bom para mim, enquanto pessoa e cidadã̃ aqui desta nossa terra, ter tido a possibilidade de poder contribuir com algo positivo para a história da democracia de Almeirim.
Do que vai ter mais saudades?
Por um lado, enquanto eleita na próxima Assembleia Municipal, este gosto em participar na vida democrática, vou continuar a ter essa oportunidade pela bancada da CDU. Portanto, ainda não tenho uma saudade, porque efetivamente este trabalho vai ter aqui uma continuidade também da minha parte. E, para além disso, o apoio à vereação irá manter-se e irá continuar e, portanto, eu penso que há aqui muita coisa que não será́ bem de uma saudade, há́ aqui uma transição de funções, é verdade, mas ainda não será́ uma saudade. Va- mos cá continuar (risos).
Que conselhos é que dá, que já́ deu ou que tem dado à Beatriz Apolinário?
O que eu tenho dito sempre à Beatriz Apolinário é para ser quem ela é, como é natural. Estamos a falar de uma jovem mulher que já́ trabalha, que estudou, que gosta de saber sobre os assuntos. Partilhamos uma boa relação e acredito que irá continuar de cooperação, de trabalho em conjunto e aquilo que eu lhe digo sempre é: “Sê a pessoa que és!”. É uma pessoa aguerrida, é uma jovem com genica (como se diz na nossa terra) e penso que isso será́ uma mais-valia para este trabalho que se faz aqui de participação de cada um.
Às vezes havia uma ou outra picardia, nomeadamente com o Presidente. Há́, assim momentos que recorda com particular curiosidade?
Acima de tudo, insistir em algumas opiniões. E, portanto, quando as pessoas têm as suas opiniões mais vincadas, nem sempre é fácil de se mudar essas opiniões. Se calhar, eu também sou teimosa, porque eu também não mudei assim tantas vezes nas minhas opiniões e os meus argumentos. Eu acho que, sabendo o que defendemos, sabendo também o que propomos, e sabendo da justiça das propostas, penso que essas discussões acabam também por ser saudáveis, porque, efetivamente, a democracia constrói-se desta diversidade democrática que faz construir um mundo melhor e uma terra melhor.
Admite um dia voltar à vereação?
À vereação, quem sabe o dia de amanhã? Não posso dizer que não. Acho que serei sempre uma pessoa com gosto por estas funções de participação como cidadã. Esta atividade partidária dentro da CDU foi sempre um encontro positivo para mim; eu chego à CDU aqui em Almeirim, encontro-me com os Verdes e com outros companheiros que também veem o mundo da mesma forma que eu e tentam lutar por ele. E, portanto, penso que, em relação a essa questão, em termos da minha atividade enquanto pessoa ligada à política, irei ser alguém presente. Poderei não ser tão presente, quer dizer, nos próximos quatro anos, à partida, sou cabeça-de-lista aqui do Grupo Municipal, na Assembleia Municipal, mas quem sabe, daqui por quatro/oito anos? Não sei. Não sabemos o dia de amanhã, mas não me vou embora (risos).