RENOVAÇÃO A engenheira química e bioquímica Beatriz Apolinário é a candidata da CDU à presidência da Câmara Municipal de Almeirim. Beatriz “foi escuteira durante vários anos” e, desde 2013, “participa nas listas” da coligação que junta o PCP e o PEV.
O que a levou a assumir a candidatura à Câmara?
Assumi a candidatura à Câmara porque, sendo jovem, considero que posso dar um contributo para trazer uma nova forma de estar na política. Conhecer a forma como a CDU se organiza e apoia os seus candidatos, foi decisivo
para assumir este desafio. Sabia, à partida, que trabalharíamos sempre em equipa e esse aspeto é importante
para mim, enquanto jovem, que, apesar de ter a energia, a ousadia e vontade de fazer diferente, necessito da sabedoria e experiência dos mais velhos. Eu estou a dar a cara, mas existe um coletivo
de candidatos a outros órgãos que me apoiam sempre em tudo. Apesar da minha idade, sou alguém que trabalha, já tive várias experiências no mundo do trabalho, mas também já soube o que é ter “portas fechadas” por ser mulher.
Com a minha candidatura, quero também mostrar que é possível ser jovem e mulher e não desistir de participar e dar o nosso melhor. Aproveito para dizer que a CDU é a força política que apresenta o maior número de mulheres como cabeças de listas nestas eleições autárquicas. No concelho de Almeirim, somos três exemplos.
Que avaliação faz dos últimos oito anos?
Do que vejo, porque aqui vivo e trabalho, é que há muita dificuldade em fixar os jovens na terra. Os empregos qualificados escasseiam, os jovens que vão estudar para fora raramente regressam e os que ficam têm empregos, mas com ordenados baixos. Sei que este problema não é da responsabilidade da autarquia, mas sem salários dignos quem consegue ter autonomia para viver? Em Almeirim, não é fácil ter acesso a habitação. A Câmara pode ter uma resposta mais ativa, ajudando com apoios para a reabilitação urbana. Contudo, esta reabilitação também não deve ser feita de qualquer forma. Tem de haver critérios que não descaracterizem ainda mais o que é típico desses bairros. Se as contas estão equilibradas, porque não aliviar as famílias e empresas dos encargos fiscais? A CDU tem defendido a redução do IMI e da Derrama. Acrescento que não basta aparecer em todo o lado. Há que reunir com as forças vivas, como os empresários e as coletividades, para ouvir e decidir o que fazer tendo em conta essas partilhas e a estratégia definida.
Aponta alguns erros, algumas falhas neste último mandato?
Através da discussão coletiva identificamos algumas lacunas, nomeadamente, em termos de gestão autárquica que deveria ter sido feita com mais rigor e com maior participação dos cidadãos. Posso deixar um exemplo recente sobre o que aconteceu no Jardim da República: a Câmara decide transformar o jardim, colocar uma estrutura gigante, fazer um anfiteatro ao ar livre, etc. Não falam com ninguém e depois ficam surpresos quando algumas pessoas aparecem numa reunião de câmara a dizer que a ideia é estapafúrdia e não cabe na cabeça de ninguém desfazer o jardim. Passados dois anos, o Jardim foi arranjado (e bem), com melhor iluminação e flores. Também em termos de desenvolvimento económico, não foram criadas as condições para a criação de emprego que era o desejável. A mobilização de empresas e, consequentemente, dos seus trabalhadores para Almeirim, só por si, não cria empregos. Relativamente ao ambiente, a situação mais alarmante é o estado em que a Vala Real se encontra, completamente dominada por jacintos devido à não utilização do equipamento adquirido para limpeza da vala. Achamos que, na Cultura e no Turismo, existem questões que podem ser abordadas de outra forma pois, enquanto jovem, considero muito importante a existência de cultura. Existem edifícios históricos abandonados que, após várias tentativas nossas, continuam por recuperar. O museu continua situado num local não apropriado. Como é possível dignificar as visitas museológicas, num espaço pequeno, não criado com o fim de ser um museu, mas sim um Centro Coordenador de Transportes?
O que tinha feito se fosse Presidente da Câmara?
Não posso falar no passado pois o que tenho para propor é no presente tendo em vista os próximos anos. Se for Presidente, sei que terei uma equipa de vereadores junto de mim, composta pelos restantes candidatos na lista que concorre à Câmara Municipal. Estamos empenhados em trabalhar, com honestidade, rigor e transparência, respeitando nos restantes eleitos na Câmara e Assembleia Municipal, para levar à prática as nossas propostas. Saberei respeitar a autonomia das Juntas de Freguesia, trabalhando em cooperação com os seus eleitos. Estarei atenta aos trabalhadores do município, às suas necessidades e direitos, promovendo a sua formação contínua. Foi preciso a atual vereadora da CDU, Sónia Colaço, propor em reunião de Câmara que fosse atribuído o suplemento de penosidade e insalubridade, que a legislação garante, desde janeiro deste ano, aos assistentes operacionais, para que a Câmara o pagasse. Saberemos motivar e ajudar os que pretendem investir, trabalhar e viver em Almeirim. Exigiremos do Governo que também cumpra a sua parte, reivindicando mais investimento nos serviços públicos para servir a população.
E o que deixava de fazer?
Não posso deixar nada por fazer, tendo em conta o programa que estamos a desenvolver e a colocar na rua. Identificamos áreas prioritárias para trabalhar como o urbanismo, a mobilidade e o apoio social dos idosos e das crianças. Sem esquecer os jovens que, para além do desporto, também gostam de cultura.
O que será um bom resultado?
O resultado ideal seria a CDU sair vitoriosa, no entanto, os objetivos desta candidatura são, principalmente, reforçar o exercício da democracia que passará por um aumento da votação na CDU e no consequente número de eleitos. Acreditamos que, com mais eleitos, a CDU consegue trazer uma dinâmica e maior riqueza ao debate democrático que tem faltado nos últimos anos.