CICLISMO No dia 27 de junho, a equipa de Ciclismo dos 20km Almeirim/Restaurante O Forno marcou presença com cinco atletas, quatro cadetes e um Master 30 no Campeonato Nacional Cross Country Olímpico (XCO), realizado no Fundão. Na categoria Master 30, marcaram presença 37 atletas, sendo que o atleta desta equipa alcançou um bom resultado com Ismael Graça a ganhar a medalha de bronze.
Foi, para já, o teu melhor resultado?
Foi um bom resultado, mas não foi o melhor resultado. Eu já fui vice-campeão nacional, e neste momento, sou o atual vice-campeão nacional na vertente de maratonas no XCO. Na vertente do XCO, este foi o meu melhor resultado até aos dias de hoje. Já fui várias vezes campeão regional de XCO, mas a nível nacional nunca tinha feito um pódio, mas o vice-campeão de maratonas foi o melhor resultado que tive até hoje.
E como é que correu a prova?
A prova correu muito bem. Levava ideias de fazer um pódio, saberia que iria ter quatro, cinco, seis adversários muito fortes. Qualquer deles poderia lutar por um pódio e dois deles eram os mais fortes para tentar o título, neste caso, mas sabia que também estava muito bem fisicamente e as coisas correram muito bem. Consegui ainda lutei pelo segundo lugar.
Ficaste com a sensação que devias ter feito mais?
Fiquei com a sensação que posso ganhar e discutir a corrida, mas fisicamente estou bem. Tecnicamente, estão lá dois ou três adversários mais fortes que eu, pelo que vou ter de melhorar, mas desde abril começámos a correr na Taça de Portugal, e até esta do Campeonato Nacional, senti que evoluí em todas as corridas e sei que tenho capacidade para chegar à vitória. Tenho de trabalhar mais.
Isso quer dizer que mesmo, já sendo um veterano na modalidade, continuas com sonhos elevados e objetivos bem definidos para o teu futuro?
Claro que sim. Não sou atleta profissional, nunca fui, embora em anos anteriores tivesse tido a oportunidade de seguir a profissão de ciclismo, foram anos complicados. Nos anos 2007 e 2008 nunca enverguei por essa opção mesmo por opção minha, porque não estava famoso em termos monetários, nessa altura. Eu sou atleta amador, mas sinto que sim, posso evoluir muito em relação a isso, cada vez mais tenho estado a evoluir.
Quando é que começaste a praticar esta modalidade?
A modalidade comecei a praticar em 2003/2004, mas só depois, em 2006 é que tive oportunidade, em termos de
trabalho, começar a treinar diariamente e a partir daí evoluir, mas a partir de 2006, comecei na competição.
Como é que são os teus treinos? São semanais, diários? Como é que funciona?
Os treinos são diários. Normalmente, faço um dia de descanso por semana. Eu trabalho, sou nadador salvador de profissão, trabalho em piscina. Normalmente, os meus horários são: ou trabalho de manhã ou trabalho de noite, até às 21H30. Quando vou trabalhar de manhã, treino à tarde e quando vou trabalhar à tarde, treino de manhã.
E isso implica quantas horas por semana?
Implica cerca de 18, 19, 25 horas de treino semanal, conforme os objetivos também.
Para um amador, podemos dizer que são muitas horas de trabalho.
São muitas horas de trabalho. Tem que se ter alguma dedicação, alguma ajuda familiar também e acima de tudo muito gosto pela modalidade Como eu disse, e não fugindo há bocado à pergunta que você fez, tenho um grande objetivo que me tem andado a fugir há algum tempo, mas não vou desistir do sonho que é tentar chegar a um título de Campeão Nacional. Já fui por duas vezes Vice-Campeão Nacional e não vou desistir. Enquanto puder, tiver força e gosto pela modalidade, vou tentar lutar pelo título de Campeão Nacional.
É o Ismael que suporta os custos que tem com tudo aquilo que precisa e necessita para trabalhar?
Sim. Infelizmente, praticamente sou eu que aporto noventa por cento dos custos. Depois temos a equipa, os 20kms de Almeirim, que dá uma grande ajuda, mas é mais na parte das deslocações para uma corrida, etc…, mas depois temos a parte onde mete a bicicleta, despesas de bicicleta, nutrição e as ajudas de hoje em dia são muito poucas. Já houve tempos melhores, mas neste momento está complicado. Neste momento, não tenho qualquer tipo de apoio sem ser mesmo a minha equipa dos 20kms de Almeirim, mas 90% é à nossa conta. Infelizmente, as modalidades amadoras são muitas em Portugal, tirando duas ou três, mas nas modalidades amadoras é muito difícil termos apoios. Praticamente os atletas têm de pagar do seu bolso, suportar as despesas.
Há pouco falou na família. Como é conciliar o desporto, o trabalho e a própria família?
Muitas vezes a família, não digo que fica totalmente para trás, mas às vezes fica para terceiro plano. Está o trabalho, está o treino e depois vem a família. É claro que nos fins-de-semana, assim que eu posso, a família vai comigo e, neste caso , a minha mulher também ajuda muito e ela gosta, isso é uma mais-valia. Não é fácil, mas se toda a gente colaborar, torna-se um bocadinho mais fácil. Muitas das vezes o seio familiar não gosta muito ou não apoia tanto, não é o meu caso, vão apoiando, e isso torna-se um bocadinho mais fácil, mas no fundo é difícil de conciliar, sim.
Entrevista completa na ALMEIRINENSETV e nas redes sociais do Jornal O Almeirinense