“Pensei, refleti muito, ponderei muita coisa”

NOVIDADE Beatriz Apolinário, candidata à Câmara, é a mais jovem candidata nestas eleições e dá a conhecer-se numa grande entrevista antes do arranque da campanha eleitoral. Beatriz diz que vai ter em atenção as funções sociais, a saúde, a educação, a cultura e o desporto.

Beatriz, como surgiu a possibilidade de ser candidata à Câmara Municipal de Almeirim?
A possibilidade de ser candidata à câmara Municipal de Almeirim surgiu através de um convite, um desafio que me foi lançado pela CDU.

Quem lhe formulou esse convite?
O convite foi formulado pelo José Manuel Coutinho, da concelhia do PCP e eleito pela CDU à Assembleia Municipal e pelo Hugo Ferreira, em representação da CDU – Coligação Democrática Unitária.

Foi fácil dizer que sim?
Não, de todo. Pensei, refleti muito, ponderei muita coisa. O desafio que me era lançado implicava muita responsabilidade.

Que fatores tomou em consideração?
Para além de considerar ser este um desafio aliciante, foi conhecer a forma como a CDU se organiza e apoia os seus candidatos. Um candidato da CDU nunca está sozinho. Sabia à partida que seria sempre um trabalho de equipa. Eu iria “dar a cara” mas iria ter ao meu lado um grande suporte e foi essa certeza que me fez aceitar, para além de ter a convicção de que poderia contribuir para trazer uma nova forma de estar na política.

Que reação tiveram as pessoas mais próximas?
As pessoas mais próximas, numa primeira fase, pensaram como eu: “Não será um desafio muito grande?”, “Vais conseguir conciliar tudo?”, “tens de estar preparada para o que as pessoas vão dizer…” Sim, porque isto de ser de esquerda nem sempre é bem visto por todos e às vezes há comentários menos positivos.
No entanto, depois de pensarem sobre o assunto, disseram-me que me apoiariam qualquer que fosse a minha decisão, como sempre fizeram em tudo na minha vida.

E depois do anúncio qual tem sido a reação das pessoas?
A reação tem sido, principalmente, de surpresa, as pessoas no geral não estavam à espera de ser alguém tão jovem e com pouca visibilidade política. Contudo, depois muitas delas acabam por me incentivar e dar força.

Qual a sua ligação à vida política?
Na verdade, a minha ligação à política começou por influência de alguém muito querido para mim, o Amândio Freitas, que liderou a CDU em Benfica do Ribatejo, com quem passei muito tempo e de alguma forma as questões políticas acabavam por surgir nas nossas conversas, pois a política era uma constante na vida dele. Eu já tinha a minha orientação política, que era coincidente com a dele e, claro, isso foi uma mais-valia, pois acreditávamos nos mesmos valores e isso facilitou tudo.
Entretanto, foram surgindo eleições nas quais ele foi candidato, e eu, logo nessa altura, apoiei-o naquilo que estava ao meu alcance. A sua partida repentina e precoce deixou um grande vazio na cena política local. Foi aí que o João Fernandes, de forma bastante corajosa, tomou o lugar do Amândio com todas as dificuldades inerentes e ainda assim teve um ótimo desempenho. Nesta minha aventura o Amândio era a pessoa que me daria mais gosto estar cá a assistir e a ajudar-me. Tenho a certeza que, caso o tivesse por perto, seria muito mais fácil, mas a vida é assim e, de alguma forma, acredito que ele estará orgulhoso.

“Como jovem também estarei particularmente desperta para as questões que afetam a juventude, particularmente o emprego, habitação e o acesso à cultura”

Não tenho memória de a ter visto em reuniões de câmara públicas. Não seria aconselhável ter uma participação mais visível para se inteirar de algumas matérias?
De facto seria, o ideal seria assim mesmo, no entanto as coisas nem sempre correm de forma ideal e acabou por ter de ser desta forma mais repentina. Quanto à presença nas reuniões de Câmara, não é fácil para alguém que trabalha até às 17.30h/18.00h estar presente nestas reuniões. Aliás, basta verificar a quase inexistência de público nessas ocasiões. Também tive conhecimento que a CDU propôs que fossem adotados outros horários mais acessíveis às populações, bem como a descentralização das reuniões nas freguesias.

É o primeiro cargo político a que concorre?
Sim, é o primeiro cargo político a que concorro.

Que participações ativas teve nas listas da coligação que junta o PCP e o PEV?
As minhas participações nas listas da CDU consistiram em apoiar no que era preciso, em termos de logística/organização e, claro, na campanha eleitoral.

Alguma vez tinha pensado em ser Presidente de Câmara ou Vereadora?
Não, confesso que era algo que nunca tinha sequer ponderado, mas é mais um desafio e eu gosto de desafios.

Que lhe disse a vereadora Sónia Colaço sobre esta candidatura?
A Sónia tem sido verdadeiramente incansável comigo. Desde o início, tem-me apoiado em tudo e dado todas as
orientações de que eu tanto preciso: em momento algum senti que estava sozinha nisto, existe um verdadeiro espírito de entreajuda.

Qual é o lema e/ou slogan para a campanha?
A CDU tem um lema nacional que é “FUTURO COM CONFIANÇA”. A nível local estão a ser avaliadas várias propostas e a seu tempo surgirá o tema local.

Teremos oportunidade para conhecer melhor as suas ideias para o concelho, mas quais as ideias-chave e mais fortes?
Como é hábito na CDU, as ideias estão a ser construídas na discussão coletiva integrando-me, naturalmente, nessa
discussão, contudo, não posso deixar de referir que estaremos particularmente atentos ao desenvolvimento económico, ao urbanismo e ambiente sem deixar para trás os aspetos ligados à saúde e à situação social do concelho.
Como jovem, também estarei particularmente desperta para as questões que afetam a juventude, particularmente o emprego, habitação e o acesso à cultura.

“As eleições de 26 de setembro serão uma oportunidade para a população dar um abanão a este estado letárgico da nossa democracia local (…)”

Em 2017, o PS reforçou a posição no concelho. Quais os grandes objetivos para as eleições de dia 26 de setembro?
O PS tem sido a força política que governa os destinos do concelho há 45 anos, com um breve interregno no período de 1985-1989, quando o PRD conquistou a Câmara. Durante vários anos tem governado com maioria absoluta, o que não tem contribuído para o reforço do exercício da democracia. A atuação do PS nos vários órgãos autárquicos tem sido a do “quero, posso e mando”. As maiorias absolutas, na sua generalidade, contribuem para termos uma sociedade mais acomodada, menos dinâmica e menos interveniente, afastando a população da política e da defesa dos seus interesses. Como forma de medir este alheamento, basta consultar as atas das reuniões de Câmara, da Assembleia Municipal e das Assembleias de Freguesia. A participação da população é quase zero. As maiorias absolutas contribuem para este estado de coisas.
As eleições de 26 de setembro serão uma oportunidade para a população dar um abanão a este estado letárgico da nossa democracia local, e com certeza que a CDU estará presente, como sempre, a lutar por um equilíbrio que fortaleça a democracia que passará por um reforço da votação na CDU e no consequente número de eleitores.

Quem é a Beatriz? Como se define e caracteriza?
A Beatriz é uma jovem com 25 anos, que sabe bem aquilo que quer e luta por isso. Considero-me uma pessoa determinada e focada naquilo que ambiciono, exigente com tudo o que faço e organizada, preciso de organização para trabalhar. Tento sempre ser o melhor que consigo para todas as pessoas, quer sejam família, amigos, colegas de trabalho, etc., gosto muito de sentir que faço o melhor para com os outros. Sou calma e muito tolerante, mas determinada.

Na fotografia divulgada pela coligação está a sorrir. É uma mulher de sorriso fácil?
Sim, considero-me realmente uma pessoa de sorriso fácil. Aliás, um dos meus chefes de escuteiros, o Carlos Costa, dizia-me muitas vezes que me distinguia só pelo sorriso: quando via ao longe alguém a sorrir daquela forma já sabia que era eu.

Onde se formou?
Tirei o curso na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.

Quando era pequena queria ser Engenheira Química e Bioquímica?
Não, quando era pequena queria ser médica, mas lido muito mal com tudo o que a medicina envolve. Então, mais tarde, comecei a perceber que seria impossível ser médica quando desmaio com a mínima coisa que vejo, seja sangue, agulhas, etc. Mas tinha a certeza que qualquer que fosse a profissão que escolhesse seria da área de ciências, sempre tive inclinação para tudo o que é relacionado com ciências.

O que faz e onde trabalha?
Neste momento, sou responsável de Qualidade e Segurança Alimentar numa empresa de referência na área dos vinhos.

O que gosta de fazer nas horas livres?
Gosto muito de passar tempo com as pessoas de quem gosto. Mas também gosto muito de passear, viajar, conhecer, provar outras gastronomias.

Que música gosta de ouvir?
Não tenho nenhum tipo de música preferida. Gosto de músicas que me ficam no ouvido por alguma razão, seja pelo tom, seja pela letra, independentemente do estilo de música. Sou muito versátil nesse aspeto.

Na escola ou na profissão tem espírito de liderança?
Considero que sim. Na minha vida, enquanto estudante, fui delegada de turma muitos anos acho que isso é um princípio. Para além de eu considerar que conseguia liderar, os outros também me consideravam capaz disso e isso é sempre bom. Nos escuteiros aconteceu a mesma coisa, fui guia durante vários anos e adorava. Gosto de liderar pelo exemplo, isso é muito importante para mim. Acho que sou boa a transmitir e a explicar tudo aquilo que sei e acho que isso já é um princípio para se ser um bom líder.
Na minha profissão, como ainda só trabalho há 2 anos, não dá para ter ainda essa perceção, pois considero que tenho muito para evoluir enquanto profissional. Ainda assim, sempre que tenho de ensinar alguém, acho que é algo que desempenho bem, sinto que as pessoas aceitam bem aquilo que digo quando é devidamente fundamentado. No entanto, quero e acredito que um dia conseguirei ser realmente líder de uma equipa, com várias pessoas a trabalhar
comigo.