Com a crise provocada pela pandemia, uma das maiores preocupações dos portugueses tem sido conseguir pagar as contas a tempo. Assim, muitos têm recorrido a empréstimos para equilibrar o orçamento. Eis os cuidados a ter para saber se esta é a melhor altura para avançar com este pedido.
Desde março de 2020 que a situação financeira de várias famílias mudou. Com a pandemia da Covid-19, muitos viram as suas finanças sofrerem alterações, a maioria pelas alterações a nível dos seus rendimentos. Ora, isto desequilibra o orçamento mensal, já que as despesas continuam a ter de ser pagas regularmente. Mesmo com a ajuda temporária das moratórias, que permitiram um adiamento do pagamento das prestações mensais de crédito habitação e de créditos de formação, estas já estão a terminar. Por isso, algumas pessoas podem estar a precisar de recorrer a novas formas de financiamento para que não entrem em incumprimento no pagamento das suas mensalidades ou até para conseguirem pagar algumas necessidades que surgiram.
Enquanto que muitos dos responsáveis já afirmam que um novo prolongamento das moratórias públicas é muito pouco provável, há que pensar em formas de fazer uma melhor gestão das finanças pessoais. Até porque muitos portugueses nem chegaram a beneficiar desta medida e estão agora numa situação instável. É aí que muitos se deparam com a solução de crédito pessoal, de maneira a ter um montante extra para estas fases mais apertadas. Mas como chegar à conclusão que se está apto para seguir com este pedido? Apresentamos vários pontos chave para verificar se este é um bom momento para seguir com o pedido e quais os cuidados a ter quando se quer recorrer a um crédito pessoal.
1 – Critérios para aprovação estão mais apertados
De acordo com o Banco de Portugal, existe a previsão que os bancos sejam mais limitativos na concessão de crédito às famílias e empresas no segundo trimestre deste ano. Este aviso foi feito no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito. Como os bancos vão estar mais “em cima do assunto”, isto é um alerta para que se verifique sempre se a situação financeira está regularizada. Ou seja, se não existem dívidas pendentes, quer estas sejam dívidas ao Estado ou no atraso do pagamento das prestações mensais de créditos.
Como as instituições financeiras querem ter a garantia que o reembolso de um crédito será feito sempre na altura certa, é necessário provar que isso já está a acontecer com os empréstimos contratados até agora. Assim, isso vai indicar que o financiamento foi solicitado por alguém com um bom perfil financeiro. Além disso, será preciso ter uma fonte de rendimento, o que poderá ser demonstrado através de um contrato de trabalho ou, no caso de trabalhadores independentes há mais de 2 anos, de lucros habituais declarados.
Apenas se reunir estas condições é que poderá estar numa boa altura para avançar com um pedido de financiamento.
2 – Apareceram mais propostas de crédito pessoal fraudulentas
A pandemia foi uma altura que veio aumentar um problema que já era grave anteriormente. É verdade que já existiam anúncios falsos de concessão de crédito. Porém, como aumentou a procura por este tipo de serviços devido à urgência da situação, surgiram ainda mais ofertas de crédito fácil. Se alguém quiser um crédito no dia, há que ter cuidado. O Banco de Portugal já alertou que quem procura por empréstimos urgentes apenas o deve fazer junto de instituições ou intermediários de crédito aprovados pelo regulador (que podem ser consultados nesta lista). É preciso lembrar que é muito improvável conseguir uma aprovação na hora, muito mais quando os critérios estão apertados. Aliás, isso será sim um prejuízo pois essas fraudes tendem a pedir dinheiro com falsas desculpas de pagamentos prévios para obter o empréstimo. Por isso, o melhor é mesmo ter uma atitude de prevenção, estando protegido contra essas situações.
3 – Calcular a taxa de esforço
A taxa de esforço é a relação entre o rendimento mensal líquido de um agregado familiar e as despesas dos mesmos. Ora, o limite máximo aceite pelos bancos é de 40%. Por isso, há que ter um resultado inferior a esse valor para ter a certeza que o pedido é aprovado. Como esta taxa é sempre calculada pelos bancos, há que se antecipar e fazer o cálculo antes de seguir com um pedido de crédito pessoal.
Segundo o Banco de Portugal (BdP), cerca de 93% do total de novos processos de crédito ao consumo foram aprovados a mutuários com um rácio DSTI (do inglês debt service-to-income), também conhecido por taxa de esforço, inferior ou igual a 50%. Estes dados foram fornecidos no Relatório de Acompanhamento da Recomendação Macroprudencial. De acordo com os dados do relatório, existe uma melhoria no perfil de risco dos clientes e uma convergência das instituições financeiras para os limites definidos na Recomendação do BdP. Ora, isto indica que existirá uma maior tendência para que só se aceitem pedidos com bons valores de taxa de esforço.
4 – Quer mais dinheiro ou reduzir o que já paga?
O que muitas vezes passa pela cabeça das pessoas é que, para escapar de uma situação financeira instável, é preciso pedir mais dinheiro. Este ponto é especialmente importante pois um empréstimo envolve sempre aumentar as despesas mensais mais para a frente. Não se deve esquecer que apesar de ficar disponível um montante extra quando o crédito é aprovado, existirá uma nova mensalidade a ser paga. Se já se está a antecipar um distúrbio nos gastos futuros, não seria melhor reduzir as prestações que já se estão a pagar? Isso é possível com um crédito consolidado. Esta solução junta os créditos anteriores num só contrato, passando a ser paga uma prestação até 60% mais reduzida. Isto acontece pois são aplicadas taxas de juro mais baixas e existem novas condições associadas a este novo contrato.
Ao serem tidos em conta estes 4 pontos, será mais fácil chegar-se à conclusão se um crédito pessoal é mesmo a melhor solução e se será possível conseguir a aprovação neste momento. O que é o mais importante é que se evite ao máximo entrar em alguma situação de incumprimento das prestações ou nos pagamentos habituais. Mesmo que um pedido de financiamento não esteja a ser ponderado agora, é possível que essa necessidade surja mais à frente, para qualquer tipo de objetivo. Por isso, há que manter a atenção, pois sem esse cuidado não se conseguirá obter a aprovação de qualquer financiamento futuro.