Débora Costa tem 28 anos, é de Almeirim e casada com Bruno Silva, com 24, de Mafra. São dois jovens que trabalhavam na aviação mas a pandemia modificou-lhes a vida pois ficaram sem trabalho. “Optámos por não ficar em casa e estamos a produzir parrameiros!”, contam, apesar de tudo, com ar otimista.
Débora e Bruno, podem explicar o quanto esta pandemia mudou a vossa vida?
Débora Costa (DC) e Bruno Silva (BS): Esta pandemia mudou completamente toda a dinâmica da nossa vida. Estávamos ambos na aviação e, desde janeiro até junho, estivemos na Lituânia em trabalho, até que, em junho, fomos dispensados.
De volta a Portugal e com a pandemia instalada, ainda a digerir a situação e
a tentar encontrar soluções, resolvemos fazer uma pausa e, nessa altura, planeamos uma viagem de bicicleta de norte a sul do país onde gastaríamos o mínimo possível, ficando a dormir em bombeiros ou na nossa
tenda onde cozinhávamos no nosso fogareiro as nossas refeições.
No final da viagem, surgiu a ideia de criar um pequeno projeto.
Em março trabalhavam onde?
BS: Na Lituânia, nessa altura, fazendo voos de repatriamento e de carga.
Tinham bons rendimentos?
DC: Antes da pandemia sim. A partir de fevereiro, a companhia alterou as condições do contrato diminuindo o salário e com um atraso no pagamento até ao mês de junho.
Perceberam logo que o impacto ia
ser brutal?
DC: Percebemos sim, pois parte dos nossos colegas foram dispensados ainda mais cedo que nós.
Não tem trabalho na aérea desde março?
BS: Não temos trabalhado na área desde junho.
Não tiveram subsídio ou apoio?
BS: Não, não temos direito a subsídios ou apoios pois, durante este tempo, não descontámos para Portugal.
Tiveram ajudas de quem?
DC: No regresso a casa tivemos a ajuda da família.
Como pagam as despesas de carro, casa, luz, água etc…
DC: Tínhamos poupado algum dinheiro, e neste momento, pagamos com o dinheiro da venda dos Parrameiros.
Porque decidiram avançar para a venda de bolos, os parrameiros da região Oeste?
BS: Fui escuteiro durante muitos anos e costumávamos fazer Parrameiros para a angariação de fundos e, por isso, estava familiarizado com este bolo.
Liguei a um amigo meu, escuteiro até aos dias de hoje, e pedi-lhe a receita.
São vocês que os confecionam?
BS: Sim, somos nós que confecionamos o parrameiro, gerimos as redes sociais e entregamos em casa das pessoas.
Tiveram ajuda de alguém?
DC: Por vezes a família dá uma ajuda, inclusive, o avô do Bruno passa grande parte dos seus sábados a fechar sacos pois estar parado não é para ele. (sorrisos).
Os bolos já disse que chegou a fazer quando era escuteiro e comida? Com a vida que tinham deviam ter pouco
tempo para cozinhar?
DC: Até pelo contrário, vivemos num hotel proporcionado pela empresa e,
sem refeições incluídas, optávamos sempre por comprar os ingredientes e cozinhar as nossas refeições ao invés de comer fora de forma a economizarmos.
E porque decidiram vir vender também para Almeirim?
DC: Uma vez que sou de Almeirim e tendo cá família fez sentido tentar que este projeto resultasse também aqui de forma a conseguir passar tempo com eles.
A receptividade tem sido boa?
BS: Sim, muito boa. Temos vindo a receber encomendas na zona de Lisboa e oeste e desejamos que em Almeirim e arredores aconteça o mesmo.
Chegaram a falar com o Padre José Abílio para vir para a porta de igreja?
DC: Sim, antes de começarmos a venda em frente da igreja reunimo-nos com o padre José Abílio onde lhe contamos a nossa história.
O padre José rapidamente se prontificou a ajudar-nos tendo sido impecável connosco.
Como olham para o futuro?
BS: Com imensa esperança que este projeto resulte.
Choraram muito neste período?
DC e BS: Nunca chorámos. Apenas ficamos felizes por tudo o que tivemos oportunidade de viver na aviação e com a igual felicidade pomos a nossa energia para que este projeto cresça.
O que se imaginam a fazer no futuro?
BS: Parrameiros e se tudo fazer bem criar um negócio à base da produção e entregas de bolos.
Quem estiver a ler esta reportagem e vos quiser fazer uma encomenda
como faz?
DC: Podem encomendar através da nossa página em www.facebook/parrameiros.com ou no instagram em @parrameiros. Pode também fazer encomendas por telefone para o 934112714.