“O futebol feminino irá crescer no concelho”

O Fazendense criou, pela primeira vez, duas equipas de futebol
feminino. Paulo Jorge Moreira é o treinador e o porta voz da ambição das
atletas.

Como surgiu a possibilidade de criar, pela primeira vez, uma equipa de futebol feminino no Fazendense?
Surgiu no final da época passada com um grupo de miúdas que abordou o Clube para saber se poderíamos abriga-las e formar equipa sénior uma vez que, onde estavam, não iriam fazer o escalão sénior.

Neste caso até são duas. Excedeu as vossas melhores expectativas?
Está a correr bem. Conseguimos contratar um elevado número de jogadoras
e muitas aceitaram o convite para ingressar no nosso projeto. Talvez tenha
ultrapassado as expectativas para algumas pessoas. Para mim, pessoalmente não, pois sabia do potencial do futebol feminino.

Onde e como fizeram o recrutamento?
O recrutamento foi feito através do conhecimento que alguns elementos da
equipa técnica e diretiva já possuíam de algumas delas, outras simplesmente souberam que estávamos a formar equipa e pediram para vir treinar, algumas foram minhas alunas no passado e no presente, e outras vêm por convite das que já cá andam e por isso temos 40
miúdas a treinar no conjunto das duas equipas/escalões.

Temos muitas atletas que não são do
concelho?
A grande maioria. Uma vez que já existia equipa de futebol feminino no concelho tivemos que procurar fora, mas também temos muitas do concelho e curiosamente, neste momento, estão a aparecer cada vez mais do concelho, principalmente para a equipa de juvenis.

Com um pelado isto era impensável?
Seria mais difícil, uma vez que o campo relvado já estava no seu recurso máximo em termos de utilização diária mas não era impossível de acontecer, tendo em conta os horários que elas treinam,
mas claro que assim tornou tudo mais fácil.

Quais são os objetivos para esta temporada,
quer nas juvenis quer nas seniores?
As Juvenis, se houver campeonato, acredito que terão uma palavra a dizer
mesmo na discussão do campeonato, sabendo que não será fácil, pois há
equipas muito forte mas tenho a certeza que teremos uma palavra a dizer. As seniores temos o objetivo de ficarmos o melhor classificados possível na nossa série para que possamos ir disputar a fase seguinte. Estamos cientes das dificuldades, mas estamos a criar condições para que isso se torne realidade. Na taça de Portugal também faremos de tudo para ir o mais longe possível.

Tanto no futebol feminino como no futsal os projetos por vezes são voláteis e dependem se meia dúzia de atletas
muda no ano seguinte. No Fazendense há bases para este projeto ser consolidado? Como se fará? Com protocolos com as escolas?

Para que isso não aconteça, este projeto foi desenhado com duas equipas,
sendo uma delas de formação para ir dando jogadoras à equipa sénior, tendo também a equipa sénior uma base de jogadoras muito novas com uma grande margem de crescimento. Eu, pessoalmente, já falei com o coordenador do Desporto escolar da escola aqui das Fazendas
para que haja um intercâmbio de jogadoras entre as duas partes.

Em que medida acha que o futebol feminino vai continuar a crescer no nosso concelho?
O futebol feminino irá crescer no concelho como no país pois, desde que os
apoios continuem a existir as miúdas continuarão a aparecer para jogar.

As outras modalidades estão em risco?
Não, há espaço para todos, uma vez que quem gosta de jogar modalidades de pavilhão, por exemplo, vai continuar a fazê-lo, só quem gosta mesmo do futebol é que vem para esta modalidade.

A pandemia veio dificultar o vosso trabalho?
Veio dificultar bastante. Temos diversas restrições, a pré época foi difícil, mas as coisas estão a compor-se. É pena não podermos ter público, os pais teriam muito gosto em ver as miúdas jogar, mas paciência, elas tudo farão para lhes dar alegrias.

Quais os desejos para 2020/2021?
Os desejos é que todos nós consigamos nos manter saudáveis, que por estes
dias não é fácil, o que dificulta o nosso trabalho, e que se consiga atingir os objetivos a que nos propusemos, logo já teríamos a época ganha.
Eu pessoalmente, já ganhei, pois sempre que vou treinar, faça sol ou chuva, tenho sempre mais de 20 atletas a treinar, tendo em conta que um grande número delas está na faculdade, outras trabalham por turnos, outras fazem mais de 100kms para vir treinar e elas não viram a cara à luta e estão sempre presentes, dá-me muito prazer e cada vez mais acredito que é
uma aposta ganha.

O que transmite o Jorge, que também foi atleta, às suas jogadoras?
Procuro, essencialmente, mostrar-lhes que, muitas vezes, temos de fazer das fraquezas forças e sermos sempre resilientes, caso contrário, não atingiremos os nossos objetivos. Gosto, essencialmente, de lhes mostrar o caminho e ver que elas chegaram ao fim deste por elas atingindo o objetivo com enorme satisfação.

Há aqui atletas com potencial para outros
patamares?
Sim. Acredito que, com crescimento da equipa, há atletas que se vão evidenciar e mostrar as suas verdadeiras qualidades para voos bem mais altos que a 3ª Divisão Nacional.