Em março último, no meu segundo artigo para esta coluna referi que, apesar das diferenças existentes entre quem nos governa e quem está na oposição, todos partilhavam um objectivo comum: combater um inimigo desconhecido e invisível. Sete meses depois, e com um conhecimento muito mais vasto sobre o que estamos a enfrentar, é altura de clarificar as diferenças e, sobretudo, evidenciar as alternativas. E não há melhor oportunidade para o fazer do que na discussão do Orçamento de Estado (OE).
O OE é o documento que define, não só, as receitas e as despesas do Estado mas, também, as prioridades políticas que se pretendem para o país. Até agora, todos os orçamentos apresentados pelo governo têm sido viabilizados, com relativa facilidade, pelos partidos à esquerda do PS, seus parceiros privilegiados desde 2015, com cedências às suas reivindicações, não preparando o país para enfrentar uma crise que, mais tarde ou mais cedo, sob a forma de pandemia ou qualquer outra, iria acontecer.
Agora, que a crise chegou e a margem de manobra para fazer face às exigências da esquerda é cada vez menor, o governo vê-se em dificuldades para aprovar o orçamento de 2021. Ainda assim vai tentar, até à vigésima quinta hora, garantir a sua viabilização, com mais cedências às exigências dos seus parceiros. É o que dá governar o país sem qualquer estratégia. António Costa tudo fez para chegar ao poder e, como tal, tudo fará para lá se manter.
Humberto Neves
PSD Almeirim
Artigo de opinião publicado na edição impressa de 1 de novembro de 2020