Os primeiros ensinamentos que qualquer aluno de Economia adquire é que todos os recursos são escassos e que, como tal, se devem fazer opções
com base em prioridades. Cada vez que um agente económico (empresas,
famílias, Estado) faz uma escolha, há sempre um “custo de oportunidade”
associado, definido por um trade-off (ou troca): para ter um bem tem, inevitavelmente, de abrir mão de outro. São inúmeros os exemplos que se poderiam dar para ilustrar este conceito económico. Nos dias que correm, creio que nenhum o ilustrará melhor que a opção do governo em injectar 1,2 biliões de euros na TAP e em adquirir, por 55 milhões de euros, a maioria da participação social na empresa.
Num contexto de grave crise provocada pela pandemia do coronavírus,
com um brutal impacto na nossa economia e, consequentemente nas contas públicas nacionais (estão previstos um défice de 7% no saldo orçamental e
uma dívida pública a rondar os 134% do PIB, em 2020), em que o reforço orçamental noutras áreas (saúde, educação, segurança social) deveria ser uma prioridade, o governo optou por ajudar, baseado em razões estritamente ideológicas, uma empresa que, já antes desta crise, se encontrava em situação de falência técnica. Entretanto, o ministro Pedro Nuno Santos já veio afirmar que não exclui a possibilidade de ser injectado mais dinheiro e duma reestruturação no dimensionamento da companhia, com inevitáveis despedimentos. Portanto, mais dinheiro dos contribuintes, dos nossos impostos, a ser desbaratado.
Não estranhem, por isso, se a TAP vos parecer um novo Novo Banco! Com a
agravante de que o dinheiro lá metido, não tem regresso. Deixará de ser um
custo de oportunidade e passará a ter um tremendo custo para todos nós!
Humberto Neves
PSD Almeirim