“A História ensina-nos sempre qualquer coisa. Quanto mais não seja, que não se deve repetir!”
Com quase cinquenta anos, o nosso regime democrático está consolidado. Depois da deriva revolucionária dos primeiros tempos, as nossas instituições políticas iniciaram um caminho que nos conduziu até grupo das democracias ocidentais. Mas, mais do que consolidada, a democracia em que vivemos parece ter estagnado e, se nada for feito, corre um sério risco de degradação.
Desde as primeiras eleições para a Assembleia Constituinte (1975), que a composição do Parlamento não tem sofrido grandes alterações em termos partidários. PS, PSD, CDS, PCP (e as suas coligações) e BE (com origens na UDP) têm tomado conta dos destinos deste país (principalmente, os três primeiros) e têm-se acomodado ao poder, a olharem – uns mais, outros menos – para o imediato e para o seu umbigo. Isso tem levado, não só a uma cristalização do regime mas, também, ao aparecimento de partidos mais extremistas, com discursos identitários e populistas, que conseguiram eleger deputados e, assim, ter um palco privilegiado para a difusão dos seus ideais.
Muitos dos que se queixam do crescimento destes partidos são os mesmos que, durante anos, pouco ou nada contribuíram para acabar com a morosidade da Justiça, a falta de autoridade do Estado, o compadrio e a corrupção que grassam nas instituições públicas, na promiscuidade entre os poderes político e económico…
A História ensina-nos sempre qualquer coisa. Quanto mais não seja, que não se deve repetir! Foram as falhas dos Estados que levaram ao surgimento dos partidos extremistas, com discursos populistas e que, passado pouco tempo, às ditaduras europeias do século XX. Estou em crer que a História não é das disciplinas preferidas dos políticos portugueses.