A equipa de sub-10 do Fazendense está a dar nas vistas pelos resultados dentro e fora do campo. Pedro Alves é o treinador que quer formar atletas e homens.
Pedro, como surgiu a ideia das frases de fair play nas camisolas?
A ideia surgiu quando vi uma ideia parecida numa equipa de futsal cá em Portugal que achei interessante, e como nada parecido tinha sido feito no futebol, propus ao coordenador e ao meu diretor e seguimos então com a ideia para a frente.
Os jogadores realmente sentem e percebem o que está escrito?
Nós sabemos que sim, que eles sentem, pois foram frases que eles próprios escolheram, as coisas foram sempre feitas e pensadas para que eles próprios percebessem o porquê das camisolas que iriam usar.
Mais que a qualidade futebolística, o Pedro tenta passar esses valores aos jogadores? E aos pais?
Sim, porque nós vamos vendo e ouvindo tanta coisa quando estamos no banco, vindo principalmente da bancada, que nos deixam perplexos, por isso imagina como ficam os meninos, e sempre lutamos no Fazendense para contrariar isso; queremos sempre que os pais sejam o primeiro exemplo para eles, por isso tentamos sempre que as atitudes das referências dos meninos (que nesta idade são os seus pais) sejam as melhores para o crescimento deles, e que mais tarde passem isso para as outras crianças com quem jogam e se encontram na escola.
Concorda com a ideia de que os pais têm, por vezes, pior comportamento que os atletas?
Concordo plenamente, pois os pais são as referência, como já tinha dito antes, e se as atitudes dos pais forem negativas, as dos filhos também serão. Uma das coisas que mais nos preocupa na formação é mesmo isso: o comportamento dos pais, e é para isso que lutamos todos os dias, para mudar.
Aqui houve também a ideia de educar e envolver os pais?
Sim, a ideia era mesmo essa, é os pais perceberem que não pode haver aqueles compartimentos negativos pois os filhos vão crescer a ver o que os pais fazem e tendem sempre a adquirir os mesmos comportamentos.
Sempre teve estes ideais?
Sim, eu fui jogador alguns anos e ainda o sou, e sei o que é viver com insultos de outros pais das bancadas e isso não é produtivo para o desenvolvimento da criança, por isso, sabendo pelo que passei, não gostava que estas crianças e as que possa treinar no futuro se revejam nas más atitudes, mas sim que sejam os primeiros exemplos. Até a uma certa idade, sempre fui um jogador muito calmo, sempre gostei muito do companheirismo e da amizade e respeitar tudo o que envolve o futebol, mas não posso mentir: sou um jogador que gosta de refilar com tudo, faz parte do meu ser enquanto jogador, mas nunca faltando ao respeito. Espero que os meninos não vejam isto.
Enquanto jogador, era também bem comportado?
Como jogador, fui expulso uma vez em júnior, mas por acumulação de amarelos por faltas por nada de grave; como treinador, nunca fui nem tenho intenção de o ser, aliás, até tento contestar ao mínimo a decisão do árbitro para os meninos perceberem que quem manda no jogo são eles, e eles sim, são a pessoa prioritária do jogo.
Qual foi o seu percurso?
O meu percurso começou nas camadas jovens do Almeirim até ao escalão de infantil, de onde passei para o footkart – joguei lá até aos iniciados -, depois passei para as Fazendas, tendo jogado até júnior onde ainda joguei pelos seniores; depois da formação mudei para o INATEL, devido a falta de tempo, no qual joguei 6 anos pelo Marianos e Murta, e este ano mudei para o Fazendense B para ajudar neste novo projeto inovador.
Depois, porque decidiu ir para treinador?
Decidi então ir para treinador pois sou fanático por futebol, é uma das maiores paixões que tenho na vida, e como nunca consegui ser grande jogador optei por outra área, mas sempre no futebol, pois é o desporto que amo, e como gosto do treino e da componente técnico-táctica que o envolve, decidi-me por outra vertente que amo: o treino. Outra coisa que me fez ser treinador foi porque adoro ver futebol, sempre que tenho tempo é o que faço: ver futebol. Sendo que uma das maiores razões que me levou a sê-lo foi porque eu e um colega meu temos um sonho desde adolescentes que pensamos cumprir, que é os dois juntos formarmos uma equipa técnica e treinar ao mais alto nível.
O que deseja atingir nesta área?
Desejo chegar o mais alto possível. Como dizem, o céu é o limite. E enquanto me derem asas para sonhar é o que vou fazer.
Quer chegar ao futebol sénior?
Obviamente que é um objetivo, mas neste momento é um hobby que adoro fazer, mas se algum dia surgir a hipótese não vou pensar duas vezes: vou agarrar a oportunidade com unhas e dentes pois é um dos meus sonhos de vida: ser treinador profissional numa liga profissional de seniores.